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Daniel Scandian, CEO da MadeiraMadeira, que vende materiais de construção e móveis pela internet. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Daniel Scandian, CEO da MadeiraMadeira, que vende materiais de construção e móveis pela internet.| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Daniel Scandian, CEO da MadeiraMadeira, e-commerce curitibano que faturou no ano passado R$ 88 milhões vendendo materiais de construção e móveis pela internet, diz que o seu negócio é uma empresa de tecnologia. A afirmação pode soar estranha em um primeiro momento, mas reflete o momento de amadurecimento do comércio eletrônico no país.

Em meio a maior concorrência, as empresas que apostam nesse canal de venda estão estruturando operações mais eficientes para atender o volume cada vez maior de clientes e dedicando equipes exclusivas para gerir a plataforma. São varejistas que investem em softwares, logística, estoque, marketing e atendimento ao público para ganhar competitividade.

Com uma equipe de 18 desenvolvedores, a MadeiraMadeira desenvolve quase todos os softwares que utiliza. Eles criaram a plataforma web e mobile, o sistema de CRM integrado com telefonia, o software para gerenciamento de estoque, a plataforma de marketing digital e o sistema de business intelligence.

Tudo isso porque a empresa percebeu que para ganhar competitividade no comércio eletrônico precisava ter sistemas de gestão únicos que atendessem as suas demandas. A escolha se mostrou acertada ao longo do tempo e a loja virtual que começou com investimento de R$ 300 mil em 2009 tem uma média de crescimento de 82% ao ano e espera faturar, em 2016, até R$ 150 milhões.

O professor da Business School São Paulo, Rodrigo Amorim, destaca que a barreira de desconfiança que o consumidor tinha ao comprar on-line já foi superada e que a profissionalização na gestão do e-commerce atinge grandes e pequenos lojistas.

R$ 41,3 bilhões

Esse foi o faturamento do e-commerce no Brasil em 2015, segundo dados do relatório Webshoppers, elaborado pela E-bit/Buscapé. O valor é 15% superior ao registrado em 2014. Para este ano, a previsão é que o segmento cresça 8% e alcance R$ 44,6 bilhões em faturamento.

Para o vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), Rodrigo Bandeira, há ainda uma infinidade de empresas que vão ingressar nas vendas on-line. Quem vai alcançar o sucesso, segundo Bandeira, são aqueles que vão contratar mão de obra especializada e investir em marketing e gestão do estoque, além de ter um bom planejamento financeiro e tributário.

O grande diferencial do e-commerce, de acordo com Alexandra Tobler, diretora de estilo do Westwing, está na sinergia entre conteúdo e publicidade. Com a proposta de ser uma revista digital, a loja oferece conteúdos sobre casa e decoração, vídeos e campanhas diárias com promoções. “É um modelo de que gera lealdade”, garante Alexandra. O índice de recompra da loja é de 75% .

Mas, apesar de todo o investimento em tecnologia, publicidade e logística, os e-commerces ainda precisam brigar pelo preço baixo para ter sucesso. “Os investimentos são para ter um diferencial competitivo em termos de custo. O preço ainda é a determinante na hora de fechar a compra”, resume Scandian.

Diretora da Westwing, Alexandra Tobler, destaca a sinergia entre conteúdo e publicidade.

Empresas apostam no estoque zero

A gestão do estoque sempre foi um desafio para as empresas, tanto para as lojas físicas quanto on-line. Uma técnica que vem ganhando espaço entre o comércio eletrônico é o drop shipping, ou seja, estoque zero.

Nesse modelo, as lojas virtuais não têm um estoque próprio dos produtos que vendem em seus sites. Todo o material fica guardado com o fornecedor e só sai para o centro de distribuição depois de vendido. Os e-commerces ficam responsáveis somente por embalar e enviar os produtos. Em alguns casos, essa etapa é também terceirizada por transportadoras.

A Westwing e a MadeiraMadeira são dois exemplos de empresa que aderiram ao modelo. A vantagem é o custo, que, segundo especialistas, chega a reduzir em até 30% o valor total de uma operação.

O desafio fica em educar os fornecedores a entregar o produto dentro do prazo combinado – uma exigência dos clientes do comércio eletrônico. Mas, segundo o CEO da MadeiraMadeira, Daniel Scandian, essa relação tem melhorado a partir do momento em que várias empresas começaram a utilizar o mesmo modelo de gestão de estoque.

Comércio eletrônico precisa de métricas e de call center para dar certo

É consenso entre empresários e especialistas em comércio eletrônico a necessidade de investir em marketing para atrair o cliente e em atendimento para sanar dúvidas ou resolver reclamações.

O CEO da Xtech Commerce, Alfredo Soares, diz que são quatro as verticais que o empreendedor deve focar sua atenção: atrair, nutrir, converter e fidelizar os clientes. O resultado pode ser medido através de programas gratuitos como o Google Analytics ou através de empresas especializadas.

Para atrair, é preciso investir em um bom site e divulgação nas redes sociais. A etapa chamada nutrir consiste em fazer o cliente não se esquecer da marca, enviando materiais educativos e promocionais.

Depois vem a conversão, ou fechamento da venda, que pode ser feita através do preço mais baixo, promoções, clube de descontos, entre outras técnicas de venda. Por último, entra a fidelização, que consiste em fazer o consumidor voltar a consumir na loja.

Em todos os casos, é necessário manter um call center, ou equipe de atendimento disponível para sanar dúvidas, engajar o cliente a fazer a compra e resolver reclamações. O ideal é atuar em todos os canais de relacionamento, como telefone, e-mail, chat e redes sociais.

No Brasil, o grande exemplo é a Nubank, empresa de serviços financeiros que oferece cartão de crédito sem tarifa e anuidade, famosa pelo seu atendimento humanizado aos clientes.

Outra caso é a MadeiraMadeira que mantém uma equipe de call center em São José dos Pinhais responsável, entre outras funções, por enviar amostras grátis aos consumidores que estão em dúvida sobre qual produto levar.

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