Os Estados Unidos entravam em recessão econômica quando Patrick McGinnis ascendia na carreira. O consultor trabalhava na AIG, a maior seguradora do país, e viu suas expectativas profissionais despencarem quando os efeitos da crise de 2008 atingiram a empresa. Naquele período, ele decidiu nunca mais colocar suas esperanças em uma companhia. Resolveu diversificar investindo em atividades paralelas e, com 10% de seu tempo e investimento, fundou um negócio próprio. Mais tarde, escreveu um livro para contar a experiência e mostrar que é possível empreender sem precisar deixar o emprego – ao menos no início.
Recém-publicado pela Penguin Books nos Estados Unidos, a obra “The 10% Entrepreneur” (O empreendedor 10%), tem sido muito comentada. E não é por acaso. A ideia de poder desenvolver um projeto pessoal sem abrir mão do contracheque no final do mês é uma possibilidade atraente e ao mesmo tempo desafiadora. Em seu livro, McGinnis se propõe a desmistificar os tabus que esse desafio engloba.
O autor, que é hoje proprietário da consultoria Dirigo Advisors, defende que 10% do seu tempo – e, se possível, de seu investimento – são suficientes para começar algo novo, desde que se siga os passos certos. Para ele, o segredo está em apostar em projetos que se encaixem na sua rotina e estejam em um campo que você realmente domine. Também é crucial não investir impulsionado por emoções momentâneas. Para fazer uma ideia dar certo você precisa ter certeza de que tem tudo o que precisa para levar suas opções à diante.
McGinnis acredita que hoje em dia a tecnologia possibilita o acesso a vários conteúdos e ferramentas que facilitam a atuação do empreendedor para além do trabalho que costuma desempenhar em horário comercial.Isso não acontecia tempos atrás. Agora, é possível, por exemplo, abrir lojas gratuitamente, evoluir para e-commerces mais sofisticados e ainda usar variadas plataformas virtuais para atingir seu público-alvo, independente do negócio que escolhido.
Mudanças na rotina
Inserir o projeto de um negócio no dia a dia requer uma readequação do tempo livre. Mas a disciplina também deve nortear a rotina do investidor durante o expediente formal. Segundo Patrick, alguns cuidados precisam ser tomados pelo novo empresário para separar bem as coisas. Uma boa regra nesse sentido é usar apenas recursos próprios para seus investimentos. Isso começa em cuidados simples como o de evitar utilizar a impressora do seu empregador para demandas da sua empresa.
A ideia ideal
O consultor orienta que, para ter certeza de que se está indo pelo caminho correto, é importante se perguntar: o negócio que eu proponho é atrativo? A área em que ele se insere é promissora? Meus parceiros são competentes e éticos? Eles são as pessoas certas para a empresa? Posso contribuir para o sucesso do negócio a ponto de aumentar pessoalmente os investimentos sobre ele? Se surgirem dúvidas quanto a isso, é porque você ainda não está preparado e é bom estudar melhor a proposta.
Investir é possível
Números apontam certo sentido na perspectiva de Patrick. Um estudo da Universidade de Wisconsin-Madison, por exemplo, mostrou que pessoas que investem parte de seu tempo em um negócio têm 33% menos chances de falhar do que quem simplesmente abandona seu trabalho. A relativa estabilidade e o custeio proveniente do salário de um cargo formal podem contribuir muito para quem quer se enveredar pelo campo do empreendedorismo. Aliar o sonho e segurança antes de se desprender de um velho emprego é bom jeito de fugir de prejuízos.