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Estratégia

Para não morrer depois da febre da novidade

Fabiana Montalvão e Gustavo Krelling: pés no chão para fazer a Tutu Sapatilhas crescer | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Fabiana Montalvão e Gustavo Krelling: pés no chão para fazer a Tutu Sapatilhas crescer (Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo)

Nos últimos anos, o sufixo "ia", no sentido de "lugar" ou "terra de", tem sido quase tão popular em nomes de empresas – cupcakeria, brigaderia, esmalteria, iogurteria – quanto os indicativos de formação societária, os tradicionais S/A ou Ltda. O recurso ajuda a identificar a proposta do negócio, de aposta em produtos únicos, em muitos casos, surpreendentes pela simplicidade da ideia.

"O perfil desbravador dos jovens empreendedores contribuiu muito para essa tendência de transformar produtos corriqueiros em novas empresas. É muito comum, diante de uma loja de bolos caseiros, alguém se perguntar: ‘como isso poderia virar um negócio?’", observa a consultora do Sebrae-PR, Walderes Bello.

A disposição para testar formatos empresariais inovadores e a facilidade de acesso a informações e pesquisas de mercado ajudam a fomentar a cultura empreendedora do brasileiro, que é mais disposto ao risco. Além disso, atrás de uma proposta inovadora, sempre vai haver a cópia da ideia, o que leva o negócio novo ao tradicional circuito de concorrência. "A questão é que, seja para vender apenas um produto ou mil, é preciso avaliar as possibilidades de sucesso, em um planejamento detalhado", diz.

Foco no lançamento

A segmentação do negócio do produto único é o ponto de partida para projetar suas chances de sucesso. Além do planejamento exigido para qualquer perfil de empresa, nas altamente segmentadas é preciso ainda mais atenção com a estratégia de lançamento, para garantir fôlego, superar a fase da novidade e manter o interesse do público. Sempre há o risco de o empreendedor se entusiasmar com o sucesso da ideia inovadora, investir em expansão e crescimento, e terminar frustrado quando a novidade acaba e ele ganha muitos concorrentes.

Sócia da Esmalteria Curi­tiba, a jornalista Marisol Vieira encarou o desafio do produto único junto com a mãe. Inspirada em negócios semelhantes no mercado europeu, a dupla optou por um projeto divertido e, até então, inédito em Curitiba. Em meados de 2012, a família experiente na área comercial com representação de materiais escolar e de escritório abriu a primeira loja da marca no bairro Portão.

A novidade atraiu consumidoras curiosas, interessadas em mais de 40 rótulos de esmaltes nacionais e importados. Em dois anos, a empresa abriu quatro unidades próprias e hoje tem faturamento médio mensal de R$ 160 mil. O modelo foi copiado rapidamente. "A saturação do mercado reduziu o movimento", diz Marisol.

Depois de iniciado o negócio, a empreendedora buscou orientação no Sebrae. "É muito complicado começar sem capacitação. Errar custa caro", diz. Marisol ainda precisa do suporte da empresa da família para garantir o capital de giro da esmalteria. E está atenta às novidades do seu segmento. "Pulverizamos os fornecedores e buscamos lançamentos de produtos correlatos, como kits de unhas de porcelana, decoração e fortalecedores. Em breve vamos oferecer serviço de manicure", conta.

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