Foi de olho no aumento do número de smartphones no Brasil que a mLearn surgiu. A startup de Belo Horizonte focada em aprendizagem móvel (celulares e tablets) começou em 2013, desenvolvendo aplicativos para os serviços de valor adicionado (SVA), aqueles que compõem qualquer serviço fora o pacote de dados e ligações, de operadoras de celular do país.
Usando a gamification (técnicas de engajamento que lembram o jeito dos games) e outras técnicas e ferramentas de aprendizagem social, a mLearn já qualificou mais de 5 milhões de usuários pelo país e quer chegar a 20 milhões em 2020. Para isso, conta seu CEO e co-fundador Ricardo Drummond, aposta no desenvolvimento de produtos para universidades e empresas privadas e também na conquista de novos usuários via o aplicativo Qualifica Cursos e um trabalho pesado de venda e marketing digitais nos próximos anos.
Antes da mLearn, Drummond já trabalhava com ensino à distância. “Eu, um colega e um professor, ainda na época da faculdade, criamos o primeiro site de formação do setor agropecuário em 2000. Foi o início do grupo Qualifica, com o site qualifica.com, uma empresa de projetos de educação à distância para os setores privado e público, a Estudar, e uma rede de escolas de educação presencial, a rede Qualifica. Mas entre 2011 e 2012 comecei a perceber a migração de acessos do desktop para o móvel, e os smartphones”, conta ele.
Foi percebendo essa mudança que Drummond se preparou para inovar com a mLearn. Em 2012 fechou um contrato de SVA com a Claro ainda como grupo Qualifica. No ano seguinte, a mLearn surgiu. “Resolvi focar no mobile. Algumas coisas [do grupo Qualifica] eu migrei para mobile, outras foram deixadas de lado”, diz Drummond. No segundo trimestre daquele ano, pela primeira vez, o número de smartphones vendidos no país superou o de celulares comuns, e a mLearn fechou contratos de SVA com Oi, TIM e Airtel.
Dois anos depois, apenas, em 2015, o Brasil teve o número de computadores ativos superado pelo de smartphones. E a mLearn atingiu o número de 1,5 milhão de usuários.
As estratégias para crescer
No ano passado, mesmo ano em que o celular se tornou o principal meio de acesso à internet nos lares brasileiros, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a mLearn lançou um aplicativo chamado Qualifica Cursos, de olho no usuário final e não mais nos clientes das operadoras.
Ele funciona como um sistema de aprendizagem complementar voltado para profissionais que estão iniciando a vida profissional e que desejam se aperfeiçoar numa determinada área ou aprender inglês. A plataforma possui em seu sistema mais de 600 modelos de aulas e cursos de diversos segmentos, de educação financeira a dicas de nutrição.
Com um preço acessível (R$ 3,99 semanal / R$ 9,99 mensal), Durmmond espera que o app cresça como mais uma porta de entrada dos usuários para a mLearn. Além das aulas de inglês, os cursos relacionados a marketing pessoal têm sido muito procurados. Na PlayStore, o app aparece na categoria entre 5 mil e 10 mil instalações já realizadas.
A ideia é oferecer o mesmo serviço, um aplicativo de aprendizagem com técnicas gamifiction, para as instituições de ensino e/ou empresas que quiserem ter seus próprios sistemas de treinamento nesse formato.
Embora o empresário não goste de falar em faturamento e não tenha relevado números à Gazeta do Povo, para chegar à marca de 20 milhões de usuários, Drummond afirma que a mLearn terá de crescer também em pessoal. Hoje o conteúdo dos cursos é contratado de especialistas de fora da mLearn e desenvolvido pela equipe da startup. A parceria com os especialistas de fora deve continuar sendo feita da mesma forma no futuro, mas haverá a necessidade de mais desenvolvedores (programadores, designers etc) e profissionais de marketing digital e vendas.