Com uma equipe de cerca de 20 pessoas, a empresa curitibana Pipefy atende 40 mil clientes de 140 países que utilizam a sua plataforma de gestão para negócios de pequeno e médio porte. Todo o serviço de atendimento, suporte e desenvolvimento de novas tecnologias é prestado da sede da empresa, no bairro Juvevê, na capital paranaense. Somente a área comercial está presente no exterior, com um escritório em São Francisco, nos Estados Unidos.
A Pipefy é um exemplo do fenômeno das novas multinacionais brasileiras. São empresas que nada se parecem com as tradicionais companhias globais, que possuem filiais em vários países, muitos funcionários e um extenso parque fabril voltado para a exportação de produtos.
As novas multinacionais são empresas prestadoras de serviço que desenvolvem soluções on-line que podem ser utilizadas por clientes de todas as partes do mundo. As equipes são enxutas, formadas por desenvolvedores e profissionais de atendimento e suporte ao cliente. Não há máquinas, somente computadores. E toda a estrutura operacional é mantida no Brasil.
Os empreendedores que comandam essas empresas são unânimes em apontar o diferencial do serviço brasileiro: preço baixo. Os serviços são oferecidos com qualidade igual ou superior aos principais concorrentes, mas a preços competitivos. O preço baixo é possível por causa dos gastos menores com mão de obra no Brasil e do volume alto de clientes atendidos em moeda estrangeira.
“Ganhamos pouco por cada cliente, mas pelo volume conseguimos oferecer preços atrativos”, afirma Ney Queiroz de Azevedo, sócio-fundador da Green Digital, empresa fundada há cinco anos em Curitiba e que está presente nos Estados Unidos, Bogotá e Luanda. A agência é especializada em estratégias de marketing digital para pequenas e médias empresas e presta todo o serviço de Curitiba. Assim como a Pipefy, há somente escritórios comerciais no exterior.
O preconceito que poderia existir com o produto ou serviço brasileiro também já foi superado, afirmam os empreendedores. “No começo, enfrentamos um pouco de desconfiança pelo momento turbulento na política, mas logo conseguimos de 10 a 12 clientes recorrentes”, diz Juliano Haus, cofundador da NextAge, desenvolvedora de softwares de Curitiba com clientes nos Estados Unidos, Canadá e Peru.
A internacionalização é a maneira que os empreendedores brasileiros encontraram para sobreviver em um mercado cada vez mais global. “Toda empresa americana nasce pensando no mercado global”, afirma Alessio Alionço, fundador da Pipefy. “Mas só o fato de estar em vários países não significa sucesso”, alerta o empreendedor. É preciso qualidade para se manter em um cenário cada vez mais competitivo.