A procura por recursos para investimento em tecnologia superou a oferta do governo, de R$ 32,9 bilhões, anunciada em março deste ano. Segundo o presidente da Finep, Glauco Arbix, a demanda das empresas alcançou R$ 68 bilhões, mais do que o dobro do que o oferecido pelo governo para este ano e 2014.
Isso não significa, porém, que todos receberão recursos. A taxa de aprovação na Finep, por exemplo, gira em torno de 40%. Ou seja, quatro em cada dez projetos apresentados recebem recursos.
Arbix classificou como "explosiva" também a demanda que a financiadora recebeu desde setembro, quando começou uma nova forma de avaliar projetos, em 30 dias. Até então, um projeto levava até 112 dias para ser avaliado pela Finep.
Segundo Arbix, 1.114 empresas se inscreveram e 141 projetos foram apresentados. Em pouco mais de dois meses, cerca de 45 projetos foram aprovados, o que representa R$ 3,4 bilhões. O número de empresas cadastradas neste período já supera o cadastro formado pela Finep desde sua fundação, há 46 anos. Para o executivo, a demanda indica que as empresas se deram conta de que precisam inovar "se não dançam".
Mas as taxas de juros negativas, quando considerada a inflação, ajudam. O programa Inova Empresa tem taxa de até 2,5% ao ano. Como comparação, a taxa básica da economia (a mais baixa do mercado) está em 10% ao ano e a do BNDES, que também é subsidiada pelo governo, está em 5% ao ano.
Na avaliação de Arbix, contudo, o relevante é que há projetos. "Há cinco anos tínhamos dinheiro e não havia projetos", afirmou. Arbix disse que nenhum banco, nem mesmo os estatais, oferecem crédito para inovação no Brasil e os únicos provedores de recursos são o BNDES e a Finep.
O governo já sinalizou que pretende reduzir o volume de repasse de recursos para o BNDES no ano que vem, a fim de melhorar as contas públicas. Arbix disse que ainda não tem informações sobre eventual corte de funding para a Finep.