A falta de uma cultura empreendedora e a menor propensão ao risco dificultam, mas não impedem que diversos curitibanos abram seus próprios negócios por necessidade ou oportunidade, a grande maioria nas áreas de comércio e serviço. Para dar suporte a esses empreendedores, a prefeitura de Curitiba criou o programa Curitiba Empreendedora, que se propõe a desburocratizar e a facilitar a vida dos pequenos empresários.
O programa, criado em 2013, conta como atividades principais a criação da Lei Geral Municipal da Micro e Pequena Empresa, a regulamentação da participação dos pequenos negócios em licitações municipais e serviços de orientação e capacitação para quem pensa empreender ou já tem a própria empresa.
Ofertados nos Espaços Empreendedor, localizados nas Ruas das Cidadanias, os serviços de consultoria e capacitação são a principal ação prática do programa. No local, estagiários, funcionários públicos, consultores do Sebrae e agentes de crédito tentam solucionar um dos principais obstáculos aos pequenos negócios: a falta de informação.
As pessoas vão até aos espaços para tirar dúvidas sobre como abrir uma empresa no regime de Microempreendedor Individual (MEI), como obter alvará de funcionamento, como fazer as declarações anuais para o governo federal e como manter as obrigações contábeis e financeiras em dia.
Luciane Cury, proprietária da loja de roupas femininas Luciane Modas, na Vila Fanny, procurou o atendimento para saber como declarar o imposto de renda da pessoa física sendo, ao mesmo tempo, microempreendedora individual. Ricardo Jesus, da prestadora de manutenção predial Tcxmi, no Boqueirão, foi até o local para saber como enviar a declaração anual de rendimentos do MEI – uma exigência do governo federal.
Eles representam os quase 30 mil atendimentos realizados somente até abril deste ano nos sete Espaços Empreendedor abertos na cidade. Os principais serviços prestados são de declaração de imposto de renda, consulta comercial, solicitação de alvará e formalização do MEI. Os serviços de gestão empresarial, capacitação e microcrédito, que também são ofertados, seguem com menor procura no início de 2016.
Cyda Villa Nova, presidente da Associação dos Empresários do Grande Boqueirão, elogia o programa, mas ressalva que não é nenhuma novidade. “Medidas que mesmo que atendam situações imediatas já ajudam um pouco.” Para ela, seria importante a prefeitura incluir os comércios de bairros nos roteiros turísticos e fazer eventos culturais na região para atrair os consumidores.
O presidente da Associação do Cajuru, José Carlos de Oliveira, também vê a iniciativa da prefeitura com bons olhos, porém acredita que os técnicos precisariam acompanhar o dia a dia do empreendedor. “Pode ser um e-mail, um telefonema ou pessoalmente”, diz.
Outro desafio, segundo Oliveira, é mobilizar os pequenos empresários a utilizarem os serviços disponíveis. “Quando você oferece uma capacitação, o que você mais escuta é ‘eu não tenho tempo.’”