Para se diferenciar no mercado, muitas redes de franquias adotam a estratégia de vender apenas um tipo de produto em suas lojas. A intenção é atrelar a marca da rede ao produto e virar referência em sua área de atuação. O modelo tem sido utilizado, principalmente, por empresas do ramo de alimentação e requer alguns cuidados para que o negócio perdure no mercado.
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São exemplos de empresas que seguiram por esse caminho a Belga Mix e o Mercadão dos Óculos. Em comum, elas têm como objetivo virar referência em suas áreas de atuação ao segmentar o tipo de público que atendem e o produto que vendem.
Check list
Confira as principais vantagens e desvantagens das redes de franquias que apostam na venda de um só tipo de produto
Vantagens
Tornar-se referência na venda daquele tipo de produto
Investimento inicial menor
Custos menores para manter o empreendimento
Facilidade na gestão da loja, principalmente quanto ao estoque
Precisa de pouca mão de obra
Desvantagens
Ficar refém de um só produto, que pode cair em desuso
Precisar vender em grande quantidade para ter rentabilidade
Necessidade de ter uma marca forte e reconhecida no mercado
O Mercadão dos Óculos foi fundado em 2012 e vende somente óculos de sol e de grau em seus estabelecimentos. “O nosso foco é em ótica mesmo. O cliente quer ter segurança na compra do produto”, explica Gustavo de Freitas, diretor de expansão da marca.
Para se tornar especialista em seu ramo, a empresa segmentou o público-alvo na classe C e possui fábrica própria de armações e lentes de contato. Já são 75 lojas em operação em todo o país e a previsão é encerrar o ano com 150 unidades. O investimento médio para abrir uma unidade custa entre R$ 180 mil e R$ 200 mil.
A Belga Mix, rede que por quatro anos só vendeu batata fritas em cone, focou no consumidor das classes C e D que busca uma refeição rápida. Para competir com grandes marcas, a batata recebe um corte mais grosso para não perder a maciez e o sabor depois de frita e é entregue em um cone, que pode ser levado para qualquer lugar. Já são 31 unidades da rede que pretende encerrar o ano com 40 lojas.
Gestão
Alguns dos atrativos das franquias de produto único são o custo baixo e a facilidade na gestão. Normalmente, o investimento para abrir uma loja é menor, assim como para mantê-la, já que necessita de menos mão de obra. Além disso, é mais fácil gerir o estoque, que pode ser abastecido a partir de um único fornecedor.
Esses fatores foram decisivos na escolha dos sócios Ramon Costa Saborido e Ricardo Eugênio Delattre. Eles abriram uma unidade da Belga Mix em Curitiba há pouco mais de um ano. “A logística é muito mais simples”, explica o engenheiro Ramon Saborido, que está tocando o seu primeiro negócio próprio.
O sócio-diretor da consultoria Vecchi Ancona, Paulo Ancona, afirma que apostar na comercialização de um único produto é vantajoso desde que a marca atinja o patamar de se tornar especialista em sua área de atuação. Ele destaca também a necessidade de atrelar a marca a algum conceito que a diferencie no mercado e recomenda investir em divulgação para tornar o negócio conhecido.
As redes precisam, ainda, ter constância nas vendas para ter rentabilidade. A sócia-fundadora do Grupo Bittencourt, Claudia Bittencourt, recomenda estudar o ciclo de vida do produto para ver se ele tem mercado por muito tempo ou se pode ser reestruturado quando houver necessidade. Caso não seja possível, um caminho é apostar na venda de itens complementares ou na diversificação do catálogo.
Produtos complementares incrementam ticket médio
Abrir uma franquia de produto único é, em muitos casos, o primeiro passo para a diversificação. A empresa Belga Mix ficou quatro anos no mercado só vendendo batatas fritas em cone, mas, a partir do segundo semestre deste ano, vai ampliar o cardápio e começar a vender churros.
Segundo Lucas Machado, diretor da empresa, a necessidade surgiu a partir do pedido dos próprios consumidores, que queriam uma sobremesa para acompanhar a batata frita. A escolha do churros se deu pela praticidade do produto e por ser possível vendê-lo a um preço acessível sem grandes adaptações na cozinha.
Para Claudia Bittencourt, sócia-fundadora do Grupo Bittencourt, especializado em franquias, a diversificação é o caminho que as redes que começam vendendo um só tipo de produto encontram para continuar no mercado. Ela cita como exemplo a Casa do Pão de Queijo, que começou vendendo apenas pão de queijo e que hoje oferece opções de sanduíches e doces, além de bebidas.
O sócio-diretor da consultoria Vecchi Ancona, Paulo Ancona, afirma que a diversificação é importante para aumentar o ticket médio da rede. “Precisa ter uma venda muito grande e uma constância de faturamento para continuar no mercado vendendo produto único”, explica.
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