Para driblar a crise, redes de franquia têm reduzido ou eliminado taxas cobradas de seus franqueados, parcelado essas obrigações em até 12 vezes, flexibilizado as exigências de equipamentos ou apostado em lojas mais compactas (e baratas).
“Há três anos, vender franquia estava fácil. Hoje, a história é diferente. Muitos franqueadores estão aceitando coisas que não aceitariam antes”, diz Paulo Ancona, diretor da consultoria Vecchi Ancona, especializada no setor.
Entre as que decidiram diminuir o valor exigido dos novos franqueados estão a BagNews (na qual os franqueados buscam anunciantes para fazer publicidade em sacolas) e a Riolax (que fabrica e vende banheiras).
No caso da segunda, as cobranças de taxa de franquias para os novos investidores (antes de R$ 50 mil) e de royalties de todos os franqueados (5% sobre o faturamento) foram suspensas para toda a rede.
A Riolax também flexibilizou a exigência do ponto comercial, que antes deveria ser de 200 metros quadrados, para que franqueados tentassem diminuir o aluguel.
Já a BagNews reduziu suas taxas, que antes iam de R$ 15 mil a R$ 25 mil, para valores entre R$ 10 mil e R$ 22 mil. Antes, o pagamento todo deveria ser feito à vista. Agora, a rede permite parcelamento em até 12 vezes.
A empresa também deixou de cobrar royalties de franqueados nos meses em que eles não conseguem anunciantes para as sacolas. “Não é a salvação da lavoura, mas são medidas para enfrentar a crise”, diz Salvatore Privitera, sócio da BagNews.
Pizza em pedaços
Entre as redes que optaram por modelos menores, está a Patroni Pizza.
A empresa lançou loja compacta para locais de grande circulação, como estações de metrô e rodoviárias, colégios e estádios de futebol (há uma unidade no Itaquerão, do Corinthians).
Os produtos oferecidos também são diferentes. A empresa vende pizza em pedaços, em vez de inteira, além de sanduíches e cafés.
Rubens Augusto Junior, fundador e presidente da empresa, diz que o modelo é uma ideia antiga, que acabou encontrando o momento ideal para ser lançado na crise.
Segundo ele, esse tipo de loja tem potencial para atrair investidores e clientes, mesmo em momento de baixa. Isso acontece pelo fato de exigir dos dois grupos um desembolso menor.
O investimento para uma loja tradicional da Patroni é de R$ 450 mil, a versão compacta custa a partir de R$ 150 mil. Para o consumidor, uma refeição na pizzaria comum tem valor médio de R$ 28, e, na nova versão, de R$ 12.
Claudio Tieghi, diretor de inteligência de mercado da ABF (Associação Brasileira de Franchising), diz que a busca das redes por modelos compactos começou antes da crise, quando o setor de franquias passou a olhar com mais atenção cidades pequenas e médias e desenvolveu lojas menores, ideais para elas. Mas, com a crise, o modelo ganha mais importância devido ao aumento no desemprego.
Cautela
Para especialistas ouvidos pela reportagem, o setor de franquias é a melhor opção para empreendedores inexperientes, por oferecer marcas já desenvolvidas e dar treinamento e processos estruturados aos franqueados. Porém a escolha da rede é decisiva para não ter problemas mais tarde.
O consultor Marcus Rizzo recomenda uma análise criteriosa em relação aos motivos que levaram a franquia a mudar seu modelo e flexibilizar suas exigências. Segundo ele, é positivo que franqueados tentem encontrar formas de reduzir custos.
Outra história é entrar em redes que, em dificuldade, mudam o modelo de negócios no improviso e buscam franqueados como cobaias para descobrir se ele dará certo.
O consultor desaconselha o parcelamento de taxas de franquia no início do negócio. Em vez de dívidas, o correto é que o investidor de uma franquia tenha uma reserva financeira grande, que permita manter o negócio por, ao menos, um ano sem que a empresa dê lucro.
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