Quinhentas mil refeições são produzidas pela Risotolândia todos os dias. É como se, diariamente, quase toda a população de Londrina, segunda maior cidade do Paraná, almoçasse os pratos da empresa, que completou 60 anos em 2013 e hoje emprega mais de 4,2 mil pessoas. A receita do sucesso nessas seis décadas? Investimento em equipe, formando pratas da casa (que na companhia são chamados de "pratos da casa").
Carlos Antonio Gusso, presidente da companhia, recebeu a reportagem logo depois de uma reunião com empresários paulistas interessados na venda de sua empresa para a Holding Comodoro, que inclui, além da Risotolândia, a Risa, administradora de restaurantes empresariais, e a CPDA, que gerencia a logística das empresas. Lá pelas tantas, conta o executivo, disparou a perguntar: "Qual a tua dívida fiscal? Quantos funcionários você tem? Quanto você deve na praça? Quanto fatura por mês?".
Em uma sulfite ia anotando e fazendo contas. "O empresário precisa pensar em tudo isso. Eles foram obrigados a me contar tudo. Arranquei o fígado deles", brinca. Tem sido assim, com caneta e papel na mão que Gusso, de 72 anos, está à frente da empresa, desde 1975, quando entrou de cabeça no negócio da família, até então uma empresa derivada do Risoto do Xaxim, fundada por Carlito e Cenira Gusso. Para isso, largou seu cargo em um grande banco. "Todos sabiam que eu não queria ser bancário, sempre quis ter meu negócio próprio", conta.
Quando assumiu a empresa dos pais, deu um novo posicionamento à Risotolândia, que passou a fornecer refeições a empresas. O tempero desse prato, conta o executivo, foi saber fazer e gostar de fazer. "Eu aprendi muito no banco, mas busquei um curso superior para aliar a teoria à prática. Eu tinha muita experiência para saber que não ia errar", salienta.
Na hora em que assumiu a direção da empresa, delineou um objetivo: servir 3,5 mil refeições ao dia. "Era um plano que traria conforto a minha família. Em três anos, porém, atingi a meta e a demanda só aumentava. Planejei então o que eu precisava fazer para crescer", conta.
Uma das decisões era ter pessoas que o ajudariam a liderar a empresa. "Fui atrás das alas jovens dos clubes. Peguei o presidente e tesoureiro das alas e pensei: Se são líderes no clube, serão na empresa", lembra. Dito e feito. Trinta e cinco anos depois, conta, a maioria deles continua na companhia, em cargos de superintendência e diretoria.
"Dê valor a quem tem valor", ensina empresário
Certo dia, em uma viagem a Blumenau, para festejar a Oktoberfest, o presidente da Holding Comodoro resolveu passar na unidade da empresa na cidade para tirar uma dúvida: por que, com os mesmos dias úteis, as vendas de um mês a outro haviam caído 30% naquela filial. "Estava lá e me veio à cabeça perguntar isso em uma passada que dei pela empresa. A guria me atendeu de uma forma técnica tão correta, explicando detalhe por detalhe, apontando os fatores que fizeram as vendas caírem. Ao voltar para a sede, disse: Quero que promovam ela à gerente", recorda.
Alguns chegaram a questionar a decisão, porque custaria mais à empresa. "Não me interessa", foi a resposta. "Eu trabalho com a política de dar valor a quem tem valor. Ela foi formada entre nós, é prata da casa, deve ser promovida", reforçou a seus diretores.
"Água no feijão"
A meta da empresa para os próximos anos já está calculada. A intenção é aumentar em 10%, a cada ano, o número de refeições servidas. "É um número bom para percorrermos, para não ficarmos parados. Sabemos que podemos perder clientes, então precisamos sempre pensar em outros. Se pegarmos umas trinta mil refeições ao dia a mais, estamos preparados, não precisamos de ampliações, nem equipamentos, só administrar o número de funcionários. É como em casa dizemos coloca mais água no feijão", brinca Gusso.