A startup curitibana Fleety, que atuava como uma plataforma de compartilhamento de veículos, fechou as portas no início deste ano. A empresa estava no mercado desde 2014 e atingiu a marca de mais de 500 mil horas de locação nas cidades de Curitiba, Florianópolis, São Paulo e Rio Janeiro. O anúncio foi feito na página oficial da empresa no Facebook na quarta-feira (4).
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Segundo o CEO e co-fundador do Fleety, André Marim, a empresa teve que encerrar as atividades porque não conseguiu fechar novos contratos para receber aportes financeiros e ficou sem caixa. “Em dezembro, concluímos que uma solução não seria possível e, com o caixa muito prejudicado, a melhor maneira encontrada foi encerrar as operações.”
Assim como toda startup, o Fleety dependia dos aportes financeiros recebidos para funcionar. É o chamado tempo de maturação do negócio, até que ele atinja o break-even (lucro final igual a zero) e passe a gerar lucro. Fora os aportes, a principal fonte de receita da empresa era a porcentagem de 20% cobrada sobre cada locação, o que é insuficiente para viabilizar sozinho a operação.
Marim não dá detalhes do motivo que levou a startup a não conseguir fechar novos contratos de investimento, apenas afirma que “motivos jurídicos levaram à impossibilidade de captação de recursos”. Ele também diz que havia fundos interessados em aportar no negócio, mas que os investidores exigiam que a empresa cumprisse alguns requisitos, o que não aconteceu. “Era quase inexequível”, resume o CEO.
Sharing Economy
Apesar de ter fechado as portas da sua empresa, Marim mantém o ânimo com o mercado de transportes no Brasil. “Eu acredito demais no mercado de transportes. É um mercado que já está sendo revolucionado, com muitas oportunidades. Queríamos e podíamos ter chegado mais longe”, afirma o empreendedor.
Ele completa que houve uma evolução muito grande da economia colaborativa no Brasil nos últimos quatro anos, quando começou a estudar e a atuar com o tema. “O que a gente viu é que houve uma revolução no comportamento do brasileiro. Somos um exemplo disso, com a locação de veículos, o que era impensável há quatro anos.”
A ideia
O Fleety começou a funcionar em Curitiba em setembro de 2014, com a proposta de aplicar o conceito de economia colaborativa ao uso de carros. A plataforma permitia que pessoas alugassem seus veículos por um curto espaço de tempo. Os locatários tinham liberdade para definir quando colocariam seus carros à disposição de outras pessoas. E eles passavam por um processo de cadastro e análise antes de entrar na plataforma.
Já os interessados em alugar precisavam se cadastrar na plataforma. Depois, encontravam a opção de veículo que mais lhe agradava, no dia e horário que precisavam, e fechavam a locação. O pagamento era feito através da própria plataforma e 80% do valor ia para os locatários e 20% ficava com a startup. Em geral, as pessoas locavam o carro para viagens curtas, eventos e passeios de fim de semana.
A startup fornecia seguro para o veículo durante o período de locação. Também realizava checagens periódicas de segurança e mantinha uma equipe de suporte 24 horas para atender os usuários.
Em fevereiro de 2015, os serviços chegaram a São Paulo e a startup foi uma das quatro empresas escolhidas para o segundo ciclo de aceleração da Abril Plug and Play, aceleradora de startups criada pelo Grupo Abril em parceria com a norte-americana Plug and Play Tech Center. Depois, chegou a Santa Catarina e ao Rio de Janeiro.
Além de Marim, Israel Lot e Clayton Guimarães fundaram a empresa. Eram 13 funcionários em dezembro de 2016.
Locação
Não é mais possível fazer novos pedidos de locação na plataforma. O site e o aplicativo foram tirados do ar e, no lugar, está uma mensagem anunciando o fim das operações da startup. As locações que já estavam programadas para até o dia 16 de janeiro serão feitas normalmente. As demais foram canceladas. Os locatários, que alugavam seus carros através da plataforma, receberão até o dia 9 de janeiro mais informações sobre pagamentos pendentes. A empresa deposita o valor da locação cerca de 40 dias após a prestação do serviço e muitos proprietários têm dinheiro para receber.
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