Gabriella Finardi abriu a Arranjos Express há dez meses, no Shopping Estação: resultado animador.| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

No começo era a lotérica, o lava-car no estacionamento e a área de caixas eletrônicos. As opções foram crescendo conforme a demanda do consumidor. De acordo com levantamento da Associação Brasileira de Shopping Center (Abrasce), bancos e serviços financeiros ainda são os primeiros no ranking dos mais procurados, seguidos de cabeleireiros, correios e agências de viagem.

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Mas hoje já tem pet shop, engraxataria, entretenimento infantil, conserto de roupas, academia, clínica de saúde e até laboratório médico disputando espaço com lojas de roupas, eletrônicos, calçados e eletrodomésticos nos shoppings.

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Os serviços são responsáveis pela atração de 13% dos frequentadores, de acordo com pesquisa da Abrasce. E foi a terceira área de maior crescimento entre agosto de 2014 e 2015, atrás dos segmentos de lazer e perfumaria.

Em média, os shoppings brasileiros têm 13 operações da modalidade, que corresponde a 7% do total das lojas em todo o país. “Os serviços respondem por 3% da receita de um empreendimento e são responsáveis pela atração do público”, avalia o diretor regional da entidade, Luiz Roberto Lacombe.

Com boa participação em fluxo e motivação, os serviços ganharam relevância na distribuição do mix de lojas nos últimos anos. As áreas exclusivas entraram no planejamento arquitetônico dos novos empreendimentos, que estabelecem espaços dedicados ao conjunto de serviços que será montado de acordo com o perfil do consumidor local.

Em outros modelos, a oferta está distribuída entre as lojas convencionais. “A ideia é fazer com que o consumidor resolva a vida em um só lugar, do passeio à alimentação, ao lazer com a família e os compromissos e tarefas do dia a dia”, explica Liana Soifer, gerente comercial do Grupo Soifer, administrador dos shoppings Pátio Batel, em Curitiba, e São José, em São José dos Pinhais.

Outra razão para a expansão das opções de serviços em shoppings é o crescimento das microfranquias e negócios menores. Com estrutura de custos enxuta, são modulados para se ajustarem às operações nos centros de compras e colaboram para reduzir a vacância nos empreendimentos.

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Na avaliação da consultora Claudia Bittencourt, do Grupo Bittencourt, de São Paulo, especializado em franchising, o empreendedor que opta pela oferta de serviços não pode ficar acomodado com as vantagens de operar em um shopping. O fluxo de consumidor e a segurança não garantem o movimento necessário para rentabilizar o negócio. “É preciso colocar na conta da viabilidade financeira do negócio os recursos que deverão ser aplicados em propaganda e marketing. O consumidor precisa ser atraído até a loja e isso somente a campanha institucional não garante”, diz.

Além de investir em estratégias próprias de divulgação, Cláudia defende a atuação nos diversos canais de venda, como a presença on-line, com sites e mídias digitais, para ampliar a presença da marca. Operações conjuntas, que promovam sinergia entre diferentes empresas dentro do mesmo espaço, também são alternativas para ampliar o faturamento e ganhar clientela.

Parceria com lojistas fideliza clientes

Gabriella Borghesi Finardi, da Arranjos Express. 

O desempenho de dez meses de operação da Arranjos Express, a primeira unidade franqueada da marca portuguesa no Paraná, já anima a advogada Gabriella Borghesi Finardi a investir na segunda loja. “E vai ser em outro shopping. Estou adorando a experiência”, diz ela, que instalou o novo negócio no Shopping Estação, em Curitiba.

A rotina puxada, com horário das 10 às 22 horas, de segunda a segunda, não intimidou a empresária. Na primeira experiência empreendedora, e antes de completar um ano de atividade, Gabriella está confiante na escolha que fez.

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Antes de optar pela marca, ela investigou outras áreas de atuação, como gastronomia e lavanderia. Mas a possibilidade de trabalhar com moda falou mais alto. “Tive suporte do franqueador em todas as etapas e estou muito satisfeita com os resultados”, diz. Gabriella tem registrado crescimento em todos os níveis, do faturamento à frequência da clientela.

Para garantir bom fluxo e fidelizar o consumidor, a empreendedora estabeleceu convênios com todas as lojas de confecção do shopping, seguindo uma orientação do franqueado. O trabalho de divulgação chega à vizinhança do shopping, por meio de panfletos. O momento econômico também contribuiu. “Muita gente renova o guarda-roupa fazendo reformas, para economizar”, explica.

Estratégia

A aposta preferencial nas operações dentro do shopping faz parte da estratégia do negócio da Arranjos Express. Fundada em Portugal há 12 anos por Paulo Jorge Oliveira Marques Alexandre para garantir renda e ocupação para a esposa, a marca hoje está presente no Brasil e com negociações para unidades em Angola, Holanda e Rússia.

Somente no mercado brasileiro são 42 lojas abertas, dos 50 contratos assinados até agora.

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Shoppings têm até bicho “motorizado”

Empresa Animal Tour está presente em 50 shoppings do país. 

Criada especialmente para operar em shoppings centers, a Animal Tour distribuiu bichinhos motorizados em todo o país. A ex-comissária de bordo Patricia Guimarães trouxe a ideia da Espanha, em 2013. Depois de passar um ano e meio entre trâmites burocráticos de importação e na difícil prospecção do negócio entre os shoppings brasileiros, Patrícia abriu a primeira operação há um ano, em São Paulo. Hoje são 50 shoppings, em uma escala oito vezes superior à projetada para o primeiro ano do negócio. Patrícia passou a importar as peças para montar os carrinhos no Brasil. Ela licencia a marca para o parceiro, que aplica cerca de R$ 120 mil na compra de um kit com dez bichinhos e faz as locações nos centros de compras. Em breve, a Animal Tour vai testar outros ambientes, como aeroportos, onde crianças até 10 anos serão vistas pilotando animais de pelúcia pelos corredores.

Centros de compras, influência e encontros

De acordo com tendências internacionais do modelo de negócio, os shoppings centers devem ir além da oferta do varejo tradicional. O crescimento das operações de serviço confirma a vocação de conveniência dos empreendimentos. Mas há novas características a serem trabalhadas para ampliar a influência na área do projeto. “Atrair o público para eventos e participações sociais amplia o vínculo com a marca. Temos uma grande responsabilidade em oferecer novos produtos, serviços e atividades para o frequentador”, explica a gerente comercial do Shopping São José, Jéssica Marcon Dutra.

Instalado há sete anos em São José dos Pinhais, a unidade do grupo Soifer na Região Metropolitana de Curitiba aposta na formação de laços com a comunidade. O mix de lojas contempla marcas até então inéditas no comércio local, evitando o deslocamento do consumidor até Curitiba. Facilidades como cinema e clínica médica, esta com acesso independente do shopping, também afetam o comportamento do consumidor. “O cliente tem à disposição um estacionamento amplo e uma infinidade de opções de atividade enquanto espera o resultado de um exame”, diz Liana Soifer, gerente da área comercial do grupo.

A estratégia contempla também o envolvimento da comunidade em eventos sociais, como corais, desfile de moda, exposições de artistas e fotógrafos locais. “Temos nosso papel de agente transformador da cidade, de fomento e integração”, aponta Jéssica. Nesse contexto, além de prestigiar a produção de artesãos e levar comemorações típicas para dentro do empreendimento, o shopping coloca até mesmo moradores da cidade nas campanhas publicitárias, ampliando a conexão com o público. “Todos os anos temos novos candidatos a atores para estrelar as campanhas locais”, diz Jéssica.