O segmento de comércio e serviços costuma ser a primeira opção para quem quer investir no próprio negócio. Além de serem setores com maior participação na economia, em ambos os casos as informações que envolvem a produção, distribuição e gestão do negócio tendem a ser mais acessíveis. No entanto, mesmo exigindo um esforço maior do empreendedor, o setor industrial também pode oferecer oportunidades para quem quer começar a própria empresa.
De acordo com a consultora do Sebrae-PR, Sonia Shimoyama, a indústria é um segmento com potencial de mercado maior para quem quer começar um negócio, mas que ao mesmo tempo exige um investimento mais alto, uma estrutura de pessoas maior e mais competência técnica por parte do empreendedor. “Não basta apenas ter uma habilidade como em uma prestação de serviço, é preciso conhecer todo o processo produtivo para ter um produto de qualidade e um negócio competitivo”, afirma.
Essas exigências reduzem a quantidade de novas empresas no mercado, ao mesmo tempo que garantem mais força e competitividade para quem já está consolidado. Dessa forma, desenha-se um mercado com uma menor quantidade de concorrentes, e uma competição mais acirrada. A consequência desta concorrência é a dificuldade de inserção de uma nova marca no mercado, e a complexidade dos canais de venda e distribuição.
No entanto, segundo Shimoyama, apesar das dificuldades em relação aos outros setores da economia, o segmento continua atraindo empreendedores que buscam um negócio com maior potencial de crescimento, alcance e diferenciação no mercado – segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) a indústria corresponde a 7,22% das empresas abertas no Brasil, o que corresponde a um crescimento de 6,88% em relação ao ano passado. “Uma pequena indústria não precisa de uma grande linha de produção, o que torna a inovação muito mais acessível”, comenta a consultora.
Perfil revolucionário e inquieto também funciona na indústria
O perfil do empreendedor que busca esse tipo de negócio é o mesmo daqueles que criam negócios nos setores de comércio e serviços. Para o professor de empreendedorismo e gestão da inovação da Universidade Positivo, Dálcio dos Reis Júnior, o perfil revolucionário e inquieto se aplica tanto para o comércio e serviços quanto para indústria. “São as pessoas não acomodadas, que se incomodam com os problemas da sociedade e conseguem perceber demandas que nem os consumidores sabem que possuem”, explica o professor.
A motivação do empreendedor, no entanto, é o que faz diferença segundo o professor. Para ele, o segredo de um negócio bem sucedido é perceber um problema real dos consumidores e propor o desenvolvimento de um produto que possa solucioná-lo. Uma vez que esse objetivo seja atingido, a tendência é que as pessoas se disponham a pagar pela solução proposta.
Em todos os setores da economia, prestar atenção às opiniões e percepções dos consumidores é fundamental para o desenvolvimento do negócio. Dos Reis explica que há uma diferença determinante entre a indústria e os serviços, já que no primeiro caso é muito mais complicado manter um contato com o consumidor final.