Entre capivaras e picnics, o Parque Barigui começa a tomar cara de inovação. Há duas semanas foi inaugurado ali o Worktiba, primeiro coworking público de Curitiba. Foram 11 selecionados, que têm cinco meses para utilizar o espaço de forma gratuita.
O local é uma das das apostas da prefeitura de Curitiba para consolidar a cidade como referência em inovação. Esta primeira leva de selecionados reúne projetos e negócios sociais e ambientais em diferentes estágios de maturação.
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O espaço é uma mescla de coworking e repartição pública. Ele fica em um complexo que abriga eventos da prefeitura, como treinamentos e conferências. Os móveis também são reaproveitados do município.
Mas a disposição das baias tem um quê de escritório moderninho, com espaços de convivência, sofás. Nada de divisórias altas cor de creme, e há uma ampla visão do Parque Barigui. Se guarda semelhança com algum órgão curitibano, é com o Ippuc, casa de arquitetos e planejadores da cidade.
Os 11 coworkers alocados ali refletem este híbrido entre público e privado. Um bom exemplo é a Ycivi. Seu fundador, Jairo Ataide, já vinha estudando há algum tempo o universo de startups. Fez, inclusive, um mestrado em tecnologia. Foi pelo edital do Worktiba que ele resolveu se enveredar pelo mundo das "smart cities", desenvolvendo uma solução que pretende vender para o poder público.
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Mas parte dos selecionados segue a linha de "projeto social", na tradição do terceiro setor. O escritório Natalia Lira Arquitetura, por exemplo, se inscreveu com a proposta de oferecer atendimento gratuito à população de baixa renda, em consultoria para reformas e projetos arquitetônicos. O jornal Realidade Notícias quer desenvolver um projeto de leitura e escrita nas escolas, e publicar parte do conteúdo produzido pelos alunos.
Cara a ser definida com o bonde andando
Não há, ainda, uma cara totalmente definida do Worktiba. O edital era amplo, e previa a inscrição de qualquer empreendedor com trabalho nas áreas social e ambiental. O grupo selecionado é heterogêneo, e a prefeitura vai contar com o apoio do Sebrae para guiar o time.
Responsável pelo Worktiba dentro do Imap, Alexandre Matschinske vê esta diversidade como um fator enriquecedor. A reunião de pessoas de diferentes áreas pode tornar a troca de experiência mais rica, além de render parcerias.
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A estratégia do Worktiba difere um pouco de outras experiências de coworkings públicos. O Laboratório de Mobilidade Urbana da prefeitura de São Paulo, por exemplo, abrigou nove startups em seu espaço de coworking, por um período de três meses. Todas tinham foco em tecnologia e mobilidade, e estavam ali para desenvolver negócios nesta área.
O Worktiba é o primeiro projeto permanente da área de inovação que a prefeitura tira do papel (o Vale do Pinhão já tem sede e abrigou eventos, mas ainda não tem nenhuma startup residente). É uma fase meio de experimentação. Lógica parecida com a das startups, que começam pequenas, mas já vão desenvolvendo seu produto antes de ter o modelo de negócios 100% pronto. A ideia é começar pequeno para testar acertos e erros. E mudar de rumo, caso necessário.
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Sebrae
O Sebrae é o grande parceiro da prefeitura nesta primeira etapa do Worktiba. Nestes 15 dias, os consultores já fizeram duas reuniões com os empreendedores sediados ali. Uma nova rodada deve ser feita na semana que vem, desta vez com feedbacks individuais.
A ideia é segmentar esta orientação, conforme as demandas e o tipo de empresa (startups, negócio social, tradicional, etc). E, mais para a frente, ter o apoio de outras entidades da sociedade, levando palestras e integrando o Worktiba ao chamado ecossistema de inovação.
Perto do mercado
Um dos projetos com perfil startupeiro do Worktiba é o Lavandapp. O aplicativo quer conectar possíveis usuários a serviços de lavanderia. Nas últimas duas semanas, “pivotou” seu negócio e passou a segmentar públicos. Mantém a ideia inicial, de conectar clientes a lavanderias (estilo iFood), mas também terá uma área para pessoas comuns ganharem uma renda extra lavando e passando roupa (como o Uber). Além do Worktiba, o projeto está em pré-aceleração no Epifania, do Sebrae.
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A mudança foi, em parte, influenciada pelo Worktiba. O espaço exige uma contrapartida social, que seria a geração de renda possibilitada pelo aplicativo. Antes disso, já havia a ideia de usar as lavanderias como ponto de coleta para doação de roupa, que seriam distribuídas para ONGs e órgãos municipais (como a FAS, em Curitiba). O aplicativo ainda não foi lançado.
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