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Produção x Emprego| Foto:

Queda é a 5ª consecutiva

Rio de Janeiro - Agência Estado

O forte impacto da crise financeira global sobre a atividade industrial brasileira derrubou o emprego na indústria pela quinta vez consecutiva, com queda de 1,3% em fevereiro ante janeiro. Na comparação com fevereiro do ano passado, o saldo foi ainda pior: o emprego industrial caiu 4,2%, o pior resultado da série histórica da pesquisa, criada em 2001, como revelou a Pesquisa Industrial Mensal: Emprego e Salário, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"Há um quadro de redução generalizada (no emprego) entre os setores industriais", atestou a economista da Coordenação de Indústria do IBGE, Denise Cordovil. Os dois primeiros meses do ano registraram recordes negativos de queda do emprego industrial. Em janeiro, o recuo foi de 2,5% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Ela explicou que houve certa "defasagem" na transferência de resultados negativos da produção para o emprego. A atividade industrial já mostrava sinais negativos desde o final do ano passado, quando a crise se agravou. O emprego também sofreu baques, mas menos intensos. Em fevereiro deste ano, a produção industrial registrou queda de 17% ante igual mês de 2008.

O impacto da crise no emprego é perceptível quando os resultados de fevereiro são comparados com as taxas apuradas em setembro do ano passado, época em que o número de vagas na indústria ainda estava sob a influência de bons resultados do setor no primeiro semestre. Em fevereiro deste ano, ante igual mês do ano passado, houve quedas no emprego nas indústrias de máquinas e equipamentos (-4,1%); meios de transporte (-4,7%); e máquinas e aparelhos eletrônicos e de comunicações (-2,9%). Em setembro do ano passado, esses setores apresentavam altas de 9,9%, 8,2% e 10,0%, respectivamente.

O número de pessoas ocupadas na indústria do Paraná caiu 5,9% em fevereiro frente ao mesmo mês de 2008, marcando uma sequência constante de resultados inferiores à média nacional (-4,2%) desde o início da crise econômica, em setembro. Esses dados da pesquisa de emprego e salário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contrastam com a pesquisa de produção industrial, também do IBGE, na qual a situação se inverte – nos últimos seis meses levantados, a atividade da indústria paranaense se manteve superior à média nacional.

A disparidade entre produção e manutenção de empregos na indústria pode ser explicada pela diferença metodológica – enquanto a primeira contempla 14 atividades e é elaborada a partir de um painel específico de empresas (substituídas anualmente), a segunda é feita por amostragem e absorve 18 atividades. O coordenador do departamento econômico da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Maurílio Schmitt, se baseia na pesquisa do Cadastro Geral de Empregados e Desepregados (Caged), para afirmar que a indústria paranaense não está demitindo mais do que os demais estados.

Já o coordenador de conjuntura do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Julio Suzuki, justifica a disparidade dos dados do IBGE de outra forma – pela distribuição dos empregos por setores da indústria. De acordo com ele, as atividades que tiveram mais cortes são grandes empregadores de mão de obra, embora não sejam tão significativas na composição da renda industrial.

Setores

Das 18 atividades pesquisadas pelo IBGE, 13 apresentaram redução de pessoal ocupado. Os principais setores de retração foram o madeireiro (-25,5%), químico (-21,2%) e de vestuário (-18,3%), atividades que vêm apresentando quedas sucessivas na empregabilidade devido a fatores como câmbio e queda na demanda internacional.

Entre as cinco atividades que aumentaram o quadro de funcionários, ganham destaque os ramos de fumo e refino de petróleo e produção de álcool, com ampliações de 72,7% e 34,5%, respectivamente.

Enquanto as atividades relacionadas a metalurgia, máquinas e equipamentos elétricos em geral esteja sofrendo oscilações no emprego desde o início da crise, o setor de máquinas industriais – que inclui colheitadeiras, outros implementos agrícolas e rodoviários – está em queda livre, com baixa acumulada superior a 20%, considerando os últimos sete meses. Na avaliação do presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Paraná (Sindimetal), Roberto Karam, a oscilação se justifica pela diversidade de setores abrangidos, entre eles o automotivo e da construção civil. "As demissões da construção civil também têm ocorrido, mas em intensidade menor – e com perspectiva de melhora a partir da redução de impostos", diz.

O aspecto mais perigoso do indicador de máquinas e equipamentos industriais, segundo Karam, é mostrar que as indústrias não estão se equipando para produzir. De acordo com ele, a ociosidade industrial está grande não apenas no Paraná, mas no país inteiro – a capacidade instalada média está em 75%, ou seja, com um quarto da capacidade de produção inativa.

Remuneração

Ainda que a indústria de edição e impressão tenha sido a principal responsável pelo aumento da produção industrial do estado em fevereiro – fato único no país –, na pesquisa de emprego o setor de papel e gráfica demitiu 3% e cortou a folha de pagamento em 9,1%, comparando ao mesmo mês do ano anterior. No geral do estado, o IBGE verificou decréscimo real de 3% em fevereiro. No primeiro bimestre de 2009, o total das remunerações aos assalariados recuou 1,9%, mas no acumulado dos últimos doze meses houve aumento de 6,2%.

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