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Emprego em alta esvazia contratos temporários

Lojas Omar contratarão tantos temporários quanto em 2012. “Lembrancinhas” devem puxar bicos no comércio | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Lojas Omar contratarão tantos temporários quanto em 2012. “Lembrancinhas” devem puxar bicos no comércio (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)

O bico formal de fim de ano estará menos acessível aos paranaenses em 2013, repetindo a tendência nacional que já aparece em estudos de expectativas feitos por entidades empresariais. Mas o emprego temporário no Estado será marcado pela rara soma de baixas expectativas de vendas com um mercado de trabalho tão aquecido que permite a candidatos escolher vagas. Ou seja, o cenário é de mais vagas efetivas do que temporárias, na contramão do cronograma tradicional do mercado.

Agências de recrutamento sentem os efeitos: comércio e serviços adiando contratações de temporários e indústria mais criteriosa nas seleções. O gerente comercial da RH Curitiba, Adriano Bunhak, arrisca que a temporada de bicos começará apenas em meados de novembro. "A indústria está produzindo pouco porque sabe que o consumidor está endividado, e há dificuldade de achar mão de obra. Juntou tudo e ficou um ano atípico", afirma. A opinião coincide com a de outras três agenciadoras consultadas pela Gazeta – Precision RH, Imediatta e RH Brasil. "Este ano está devagar [a oferta de temporários]. Para se ter ideia, estou com vagas efetivas de servente e carpinteiro para uma construtora, cargos que costumam ser temporários; acabada a obra, seriam dispensados", afirma Kátia dos Santos Silva, da Imediatta.

Desde julho a contratação de temporários está a cargo da indústria – em especial a alimentícia e de cosméticos. Mas o setor deve fechar a porteira no próximo mês. Segundo o economista Roberto Zürcher, da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), depois de novembro apenas um ramo contrata temporários: o de alimentos da época, como chocolates e panetones. "Esses precisam porque têm vendas concentradas e tratam de um produto perecível", afirma.

Freio puxado

Um indício de que o fim do ano não estará para bicos no Paraná veio em setembro, com a pesquisa anual da Federação do Comércio para apurar a expectativa do empresariado de comércio, turismo e serviços. A perspectiva de 1,5 mil empresários aponta que os cerca de 32 mil empregos esperados em 2012 não passarão de 15 mil neste ano. No país, a perspectiva é de empregos de qualidade mais baixa, afirma pesquisa da SPC Brasil: 43% dos empresários admitiram que não devem assinar a carteira de trabalho dos temporários.

Candidatos devem ficar de olho em ramos que precisam contratar. É o caso das lojas de "lem­brancinhas", como calçados e vestuário. Luiz Henrique Linhares, gerente comercial da rede Omar Calçados, diz que o grupo deve contratar tanto quanto no ano passado, apesar de não esperar muito das vendas. "Deixar as pessoas sem atendimento faz tudo cair ainda mais", afirma.

Concorrência

Pensando no fim de semana, trabalhadoras trocam comércio por fábricas

Outro fenômeno no mercado do trabalho temporário paranaense já aparece na fala de entidades empresariais e agências de RH: as mulheres têm buscado mais o trabalho na indústria, em detrimento das vagas em comércio e serviços. "Os trabalhadores, principalmente mulheres, não têm mais interesse em trabalhar nos fins de semana. Estão preferindo as indústrias. Isso dificulta mais ainda a contratação da mão de obra no comércio", afirma Claudio Shimoyama, economista da Associação Comercial do Paraná (ACP).

A procura de mulheres por vagas na indústria tem um empecilho, afirma a psicóloga Cláudia Maria Bulotas de Macedo, da Precision RH. "Temos um certo número de vagas de produção, mas existe limitação na contratação: as empresas preferem homens, só que o número de mulheres dispostas é bem maior", diz ela, citando preocupação das empresas sobre responsabilidade trabalhistas (principalmente licença-maternidade) e pelo perfil-padrão para trabalhos pesados.

Cautela

O economista Roberto Zürcher, da Fiep, confirma que empresas paranaenses estão menos propensas a contratar temporários e mais cautelosas ao selecionar efetivos. "A indústria precisa qualificar o trabalhador", explica ele, destacando que o custo do treino configura prejuízo quando a empresa perde o empregado para outras propostas. Até agora, lembra ele, a indústria e o agronegócio alavancaram a criação de empregos no Estado. De janeiro a agosto, a indústria de transformação respondeu por 28% dos quase 99,7 mil empregos criados no Paraná. Resta saber como o mercado de trabalho deve se comportar a partir de dezembro, quando o setor começa a fazer ajustes nos quadros funcionais.

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