Rio de Janeiro - Depois de seis meses praticamente estável, o emprego na indústria teve alta de 0,5% entre janeiro e fevereiro, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Puxado pela recuperação da produção no primeiro bimestre, o crescimento da ocupação na indústria em fevereiro teve a ajuda do calendário: neste ano o carnaval caiu em março. Com isso, muitas empresas acabaram antecipando a produção e precisaram de mais gente.
No acumulado dos últimos doze meses, o crescimento da ocupação na indústria atingiu 3,9%, resultado mais elevado da série histórica iniciada em 2000. "As variáveis ligadas ao mercado de trabalho foram influenciadas em fevereiro pelo aumento da produção, que está muito calcada no mercado interno, mas também é motivada pela recuperação de setores voltados às exportações", afirmou o gerente da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário, André Macedo.
Indicador ainda mais sensível às variações na produção, o número de horas pagas pela indústria que inclui as horas extras teve avanço de 1,1% no período. Na avaliação de economistas do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), além de ser expressivo, o crescimento indica que novas contratações poderão ocorrer nos próximos meses.
Em março, no entanto, o mesmo efeito calendário que influenciou positivamente o resultado de fevereiro deve jogar contra os números da indústria, entre os quais o nível de ocupação. Apesar disso, a expectativa de economistas é de que a produção continue tendo altas não muito intensas nos próximos meses, dando alento aos indicadores relacionados ao emprego. "Esperamos que a produção industrial apresente variações ligeiramente positivas nos próximos meses, o que deverá impulsionar, mesmo que com alguma defasagem, o aumento das horas pagas e do emprego no setor", observa o analista Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências.
Avanço disseminado
Um sinal de que a trajetória de crescimento deve continuar é que em fevereiro, ante igual mês de 2010, o avanço do emprego industrial ocorreu de forma disseminada: 13 dos 18 ramos pesquisados tiveram alta. O destaque foi o grupo transporte, que inclui a indústria automobilística, seguido por máquinas e equipamentos; produtos de metal; alimentos e bebidas; e máquinas e aparelhos eletrônicos e de comunicação.
Para Macedo, os números, especialmente os da indústria automobilística, mostram que as medidas tomadas pelo governo a partir do fim passado para esfriar a economia, como as de restrições ao crédito para consumo, ainda não estão afetando o emprego na indústria. "Ainda não estamos vendo um efeito sobre a produção e, com isso, o mercado de trabalho acompanha o movimento", afirma.