A indústria continuou fechando postos de trabalho em junho. O emprego no setor produtivo recuou 3,1% em relação a junho de 2013, a 33.ª queda consecutiva nesse tipo de comparação e a mais intensa desde novembro de 2009. O número de horas pagas e o valor real da folha de pagamento também ficaram menores, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com maio, o emprego na indústria diminuiu 0,5%.
"O recuo no emprego acompanha o ritmo da produção. Não se pode dissociar o resultado à desaceleração no setor produtivo", destacou o gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, André Macedo. Em junho, a produção caiu 1,4% ante maio, principalmente pelo impacto da menor produção de veículos. Em relação a junho de 2013, o tombo foi de 6,9%.
A Copa do Mundo explica pelo menos parte das perdas observadas em junho. As paralisações por causa do evento serviram para potencializar a tendência de queda que já era observada há alguns meses.
Layoff
Diante da menor produção, a indústria de meios de transporte foi uma das que mais demitiram em junho. Em relação a igual período do ano passado, o recuo no pessoal ocupado foi de 5,5%. "Algumas montadoras do setor automotivo ainda estão anunciando medidas de suspensão de contratos de trabalho (layoff), dada a falta de perspectiva em relação ao desempenho das vendas", salientou o economista Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências.
Além de veículos, bens de consumo duráveis e bens de capital têm mostrado arrefecimento na produção mais intenso do que a média e por isso também figuram entre os que mais demitiram nos últimos meses.
O número de horas pagas recuou 1,2% em junho, enquanto o valor real da folha de pagamento diminuiu 2,4%, ambas na comparação com maio. "As limitações que se impõem à recuperação da indústria, evidenciadas pelo baixo patamar da confiança dos empresários, impedem uma reversão dessa trajetória", avaliou Bacciotti.