Rio de Janeiro Após um 2006 medíocre, em que não registrou nenhuma expansão no número de ocupados, o setor industrial abriu este ano com aumento de 0,3% no emprego em janeiro ante dezembro A variação reverte três meses de resultados negativos nessa base de comparação. A folha de pagamento real dos trabalhadores aumentou 9% sobre dezembro, o maior resultado apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em três anos.
Na comparação com janeiro de 2006, a ocupação industrial aumentou 0,9% o melhor resultado desde julho de 2005. A folha cresceu 3,9% no período. Para a coordenadora de indústria do IBGE, Isabella Nunes, o crescimento na ocupação pode apontar um início de resposta do mercado de trabalho ao maior vigor da produção apurado no quarto trimestre do ano passado. Mas, segundo Isabella, só os resultados dos próximos meses poderão confirmar se há uma recuperação.
A coordenadora diz ainda que os resultados positivos do emprego estão mais concentrados em setores industriais que exportam commodities como alimentos e bebidas cuja ocupação cresceu 6,9% em janeiro ante igual mês do ano passado.
Os segmentos mais empregadores da indústria continuam em baixa, como é o caso de calçados e artigos de couro (-9,4%), que também vêm apresentando desempenho ruim na produção por causa dos problemas provocados pelo câmbio. "O crescimento na produção tem ocorrido com mais força em bens de capital e bens duráveis, por isso o impacto no emprego não é muito forte. Se houver uma reação maior (na produção) dos segmentos mais empregadores, haverá impacto maior no mercado de trabalho."
O economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Edgard Pereira, divulgou relatório de análise da pesquisa no qual considera que os dados de janeiro são "melhores do que vinha ocorrendo", o que é "muito favorável". No entanto, alerta que o desempenho do mercado de trabalho no decorrer do ano poderá estar comprometido pela manutenção do quadro visto desde o ano passado, com "dinamismo nas contratações em determinados e poucos segmentos".
Rendimento
A coordenadora do IBGE explica que o aumento na folha de pagamento em relação a dezembro foi puxado pela distribuição de lucro em algumas empresas, especialmente da indústria extrativa. A expansão de 3,9% na folha ante igual mês de 2006 foi, segundo Isabella, puxada pelos dissídios de algumas categorias e também pela inflação baixa, que tem elevado o poder de compra dos trabalhadores. Os maiores impactos positivos nessa base de comparação vieram de alimentos e bebidas (10,2%) e indústria extrativa (15,3%).
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