O emprego na indústria registrou em 2009 queda recorde de 5,3% ante 2008. O recuo foi o maior desde o início da série histórica calculada pelo IBGE, em 2002. Até então, o pior desempenho (-1%) era o do ano da primeira eleição de Lula, quando a economia passou por uma crise de confiança.Segundo André Macedo, técnico do instituto, o resultado é explicado pelo ajuste da produção, que sofreu queda de 7,4% no período, em razão da crise internacional.
Assim como a produção, o emprego dá indícios de recuperação após três trimestres de queda, o número de ocupados na indústria voltou a subir nos dois últimos trimestres do ano. De outubro a novembro, a taxa se acelerou, chegando a 1,6% sobre o período de julho a setembro.Dos 18 setores industriais pesquisados, apenas o de papel e gráfica viu o número de ocupados aumentar entre 2008 e 2009. A folha de pagamento real também fechou o ano em queda (-2,8%).
Para o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) Rogério Souza, o resultado do mercado de trabalho da indústria no ano passado sofreu "um forte revés". Segundo ele, os dados negativos do setor "atestam o forte impacto da crise internacional sobre a indústria brasileira".
Porém, ele ressalta que os resultados do emprego foram "muito distintos" nas duas metades do ano. No primeiro semestre, houve queda de 5,5% na ocupação ante o último semestre de 2008, enquanto no segundo semestre foi apurada uma variação de 0,1% ante os seis meses imediatamente anteriores.
Expectativa
A analista da Tendências Consultoria, Alessandra Ribeiro, acredita que a produção deve começar a apresentar resultados mais favoráveis, com crescimento, ainda que gradual. Essa trajetória de expansão, na avaliação da analista, será acompanhada pelo emprego. "O emprego, que responde com certa defasagem à produção, deve voltar a resultados favoráveis ao longo do ano", acredita.