Nos próximos três meses, 139 mil pessoas devem ser contratadas no Brasil para ocupar vagas de trabalho temporárias para o fim de ano um crescimento de 11% em relação aos dados consolidados de 2009, segundo pesquisa encomendada pela Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Asserttem). Caso a estimativa se confirme, este será o fim de ano com o maior número de contratações temporárias desde 2006, quando a Asserttem começou a pesquisar o setor. O trabalho duro no fim do ano pode render um emprego mais duradouro: 30% dos temporários devem ser efetivados, a maior taxa desde 2007.
No Paraná, a instituição prevê a contratação de 7 mil pessoas para atender ao aumento de demanda gerado pelo Natal e Ano Novo. A maior abertura de vagas representa uma boa oportunidade para os jovens ingressarem no trabalho formal. Cerca de 70% das vagas são para o comércio, que não costuma exigir experiência prévia para admissão. De acordo com a Asserttem, 30% das vagas geradas neste ano, em todos os setores, deverão se tornar o primeiro emprego formal dos contratados. A associação não faz pesquisas sobre vagas informais, mas estima que este número dobre caso sejam incluídos os trabalhadores temporários sem registro em carteira.
Danilo Padilha, diretor regional da Asserttem no Paraná, espera um virtuoso avanço de geração de empregos em relação ao ano passado, superando inclusive a projeção estimada para 2010. "Temos várias situações favoráveis, com o fim da crise, a economia estável e a taxa de juros um pouco menor", analisa. O Paraná responderá por 5,03% da geração de vagas temporárias nacionais, o menor porcentual dentre os estados da Região Sul. Padilha acredita, porém, que os dados da pesquisa não demonstram um recuo do estado ante Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. "Nas estimativas, os três estados estão com números bastante próximos. Santa Catarina se beneficia do turismo litorâneo, e o Rio Grande do Sul tem uma população um pouco maior que a nossa", relaciona.
Salários
Tradicionalmente, os maiores empregadores na época do Natal são as lojas de rua, os supermercados e os shoppings. Para estes estabelecimentos, as principais funções contratadas são analista de crédito, atendente, auxiliar de crediário, embalador, estoquista, etiquetador, fiscal de caixa e de loja, operador de telemarketing, promotor de vendas, repositor e vendedor. A remuneração média fica entre R$ 650 e R$ 890, além do pagamento de horas extras e prêmios por desempenho, que podem até dobrar o ganho mensal.
O comércio é o setor que empregará, ao menos pelo próximo trimestre, os jovens Tiago Pedroso Pinto, 25 anos; Daniel Lopes, 27 anos; e Juliana de Jesus, 23 anos. Ontem, eles participaram de um processo de seleção para atuarem como promotores de venda de uma empresa de telefonia móvel e, junto com outras nove pessoas, foram aprovadas para a função.
"Quando a gente tem experiência só em loja, é mais difícil mudar de área (de trabalho), porque em outras exigem experiência no setor", relata Juliana, que durante os últimos cinco anos trabalhou como vendedora e caixa em lojas de roupas. Já Daniel, que nunca trabalhou em vendas, abandonou o último emprego, de caixa de supermercado, por não conseguir conciliar os turnos com o curso noturno de Enfermagem. "Resolvi abrir mão do emprego porque o mercado está amplo e tem muito espaço. Preenchi um ficha há quatro dias [para trabalhar na empresa de telefonia], mas não botei fé que iriam me ligar de volta", confessa.
Tiago é o que melhor representa a esperança de contratação. "Agora quero seguir carreira na área de marketing e vendas. Com o salário e a ajuda do Prouni (programa federal de concessão de bolsas de estudos), dá para pagar um curso superior", projeta.