Se no início dos anos 2000 o Walmart e a Gillette abandonaram seus projetos de código de barras identificados a partir da radiofrequência, um empresário de Cianorte, no Noroeste do Paraná, decidiu apostar na tecnologia. Sergio Gambim lançou em 2007 uma das primeiras empresas brasileiras a trabalhar com etiquetas inteligentes, como são chamados os códigos de barras que possuem microchip e antena para serem lidos através de radiofrequência. A tecnologia ajuda no controle de estoque de indústrias e varejistas, ao tornar o processo mais rápido e seguro, e diminui as filas nos caixas das lojas, ao ser capaz de ler centenas de peças em poucos segundos.
Entenda como funciona a tecnologia
A iTAG, nome da empresa criada por Gambim, tem 40 clientes ativos entre pequenos, médios e grandes negócios. A maioria dos clientes é indústrias e varejistas da área de confecção e vestuário, mas a empresa também está presente nos setores da saúde, acessórios, livrarias e rastreabilidade de documentos. No ano passado, cresceu 33% e faturou R$ 10,4 milhões. Para este ano, espera uma alta ainda maior, ao passar a atender fábricas que atuam no Paraguai.
Pouco conhecida, tecnologia promete ganhos em eficiência
A empresa fabrica desde o software que faz a leitura das etiquetas inteligentes até as próprias etiquetas e os equipamentos que são usados para coletar as informações dos códigos de barras. O desenvolvimento do software é feito no Brasil e a fabricação das peças acontece na China. A iTAG conta com escritórios comerciais no Paraná e em São Paulo, além de um time de consultores. No ano passado, abriu um filial comercial em Assunção, capital do Paraguai.
O começo
A ideia de trabalhar com etiquetas inteligentes surgiu quando Gambim trabalhava em Cianorte em uma empresa que produzia softwares de ERP para o setor de confecção. Ele percebeu que, com o avanço da tecnologia e das linguagens de programação, a empresa conseguia desenvolver softwares que emitiam relatórios com muita agilidade.
Mas, apesar do ganho de eficiência com o ERP, os clientes da empresa em que Gambim trabalhava perdiam muito tempo e dinheiro na gestão do estoque. Como o processo de entrada e saída de mercadorias era feito de maneira manual, através de um leitor tradicional de código de barras, as empresas demoravam horas para encerrar o trabalho e tinham prejuízos com erros.
Ao procurar uma maneira de agilizar o controle de mercadorias, Gambim foi apresentado à identificação por radiofrequência (sigla RFID, em inglês). Ele foi estudar por que a tecnologia não era usada em larga escala e descobriu que projetos de implantação tentados pelo Walmart e pela Gillette não foram para frente na época por causa dos altos custos.
O problema estava na fragmentação do processo. As indústrias e os varejistas precisavam comprar de fornecedores diferentes os itens usados e isso aumentava os custos. Além disso, faltava conhecimento técnico para implantação da tecnologia do início ao fim da operação.
Gambim decidiu, então, criar uma empresa que oferecesse desde o software, o aparelho de leitura e as etiquetas até consultoria para implantação do serviço. Foram três anos programando até chegar ao sistema da iTAG. Os primeiros clientes foram empresas de confecção da região de Cianorte, com quem o empresário já tinha relacionamento do seu antigo emprego.
Foco para 2017
Para este ano, a iTAG quer aumentar o número de clientes no Paraguai – hoje, são três projetos em andamento, e passar a atender outros segmentos, como o setor de eletroeletrônicos e supermercados. A empresa projeta que pode crescer até 50% com os novos contratos que devem ser fechados ao longo do ano.
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