Em meio à crise do crédito que abala a situação econômica dos países desenvolvidos, o Brasil está ganhando espaço no mercado imobiliário de luxo. A avaliação foi feita pelo diretor internacional da Sotheby's Internacional Realty, Peter Turzo. "A região do Brasil é hoje a maior oportunidade do setor, com a Ásia em seguida", afirmou ele nesta terça-feira (26), durante evento da empresa em São Paulo.
Segundo Turzo, o mercado brasileiro está sendo "descoberto" pelos estrangeiros, não só como lugar de férias, mas também como investimento. Como resultado, a empresa, tradicional no mercado de luxo, espera alcançar vendas no país em torno de R$ 1 bilhão nos próximos 12 meses, chegando ao dobro disso até 2010. "Nossos planos para o Brasil são muito progressivos", afirma o executivo.
Para aproveitar esse fluxo que cresce especialmente na região Nordeste o grupo planeja abrir escritórios em João Pessoa, Natal, Maceió e Salvador. "Este ano devemos chegar a 250 mil imóveis vendidos até o final do ano. Mas há espaço para quatro vezes isso", diz Fábio Rossi Filho, principal executivo da Sotheby's Brasil. "Estamos vivendo uma retomada desse mercado."
De acordo com Rossi Filho, cerca de 20% dos compradores de imóveis de luxo no Brasil são estrangeiros volume que tende a crescer. A avaliação da companhia é de que, com a entrada do Brasil no grupo dos países com investment grade, só 5% dos recursos estrangeiros previstos para entrar no Brasil já cruzaram a fronteira. "Mas essa força de compra não deve vir de uma vez, e sim aos poucos", afirma.
Mercado brasileiro
Com a valorização do real frente ao dólar, o mercado nacional perdeu atratividade para o comprador norte-americano. Mas está entre as preferências dos europeus, cuja moeda segue valorizada. Além disso, diz Fábio, os imóveis no Brasil ainda são muito baratos em comparação com o exterior.
"O Brasil é o 48º país no ranking de preço por metro quadrado nas grandes cidades", diz ele. "Mas a tendência é de alta, tende a subir nos próximos quatro anos". Hoje, em São Paulo, o metro quadrado de luxo é negociado, em média, a R$ 5 mil.
Por conta dessa diferença de preços, enquanto a Sotheby's no exterior classifica como "luxo" imóveis a partir de US$ 1 milhão, aqui a empresa trabalha com valores mais baixos. "Aqui luxo não é valor, é o diferencial do imóvel", diz Rossi Filho.
Além dos europeus, os russos também têm demonstrado interesse crescente pelo Brasil. Segundo Turtzo, há clientes daquele país interessados em um investimento de grandes proporções por aqui. Um fundo árabe também demonstrou interesse em comprar fazendas produtivas de alimentos no Brasil.
Crise nos EUA
Apesar de focada no segmento de alto luxo, a empresa, no entanto, não passou incólume pela crise do crédito de risco nos Estados Unidos. Isso porque, segundo Turtzo, uma parte dos compradores é composta daqueles que vão "subindo" de nível aos poucos: para comprar um imóvel de luxo, portanto, é preciso vender o anterior que, por causa da crise, está desvalorizado. "Mas de forma geral os compradores da Sotheby's estão imunes", avalia.
Turtzo aponta que 2008 não está sendo tão bom para a companhia quanto o ano anterior. "Este ano estamos vendendo menos do que no ano passado. Mas considerando os problemas do mercado, vamos muito bem", diz.
Já para quem vê de fora a crise por lá pode ser uma oportunidade. Com os imóveis em média 7,7% mais baratos do que no ano passado, muitos brasileiros têm se aventurado a comprar. "Temos hoje as melhores oportunidades dos Estados Unidos em 20 anos. Então muita gente vai fazer muito dinheiro", diz Turtzo.