Os brasileiros gastaram US$ 13,2 bilhões (quase R$ 22 bilhões) em compras realizadas pela internet no ano passado, gasto equivalente a 61% de todas as transações da América Latina, segundo estudo da AmericaEconomia Intelligence. Embora não haja um levantamento específico, a estimativa é que grande parte dessas transações seja realizada em lojas de outros países, principalmente dos Estados Unidos. De olho nesse mercado bilionário, a bandeira de cartões Visa fechou uma parceria com a SkyBOX, especializada em soluções para comércio eletrônico internacional, que vai facilitar o envio de mercadorias para o Brasil.
"Na grande maioria das vezes, existe uma logística muito complicada para o envio da mercadoria ao Brasil. Através do SkyBOX, os compradores terão suas compras enviadas para uma caixa postal nos Estados Unidos e, posteriormente, enviadas diretamente para suas residências no Brasil. Vai ocorrer uma facilidade no envio. A SkyBOX também será responsável por todos os tramites burocráticos e de alfândega", diz Guillermo Rospigliosi, diretor-executivo de Canais Emergentes da Visa na região da América Latina e Caribe.
Como usar
Para usar o serviço, o portador de cartão Visa deve fazer um cadastro no site da empresa e criar uma caixa postal, o que equivale a um endereço físico nos EUA. Pelo acordo, o cliente fica isento da anuidade de US$ 48 no primeiro ano e ganha um desconto de US$ 10 no envio da primeira compra. Feito o cadastro, o consumidor receberá um e-mail com o número da caixa postal e uma senha. Logo depois, poderá iniciar o processo de compra. "O portador terá total segurança em usar o cartão de crédito. E os valores ficarão aproximadamente 20% menores do que as tarifas executadas por outras empresas internacionais", diz Rospigliosi.
Remessa para o Brasil
Grande parte das lojas americanas não envia produtos diretamente para endereços no Brasil. Para realizar a compra, muitos brasileiros utilizam um endereço fictício ou um contato local para o envio do produto o que também evita o pagamento de impostos. Mas esse é um mecanismo que está com os "dias contados", segundo o chefe da inspetoria da Receita Federal em Curitiba, José Henrique Nicolli Soares. "Quando a pessoa opta pelo envio por correio normal, a Receita Federal faz uma verificação por amostragem. Hoje, apenas parte das encomendas são analisadas e tributadas. Mas, em breve, estaremos com 100% de verificação", alerta.
Por enquanto, quando a encomenda não é escolhida na amostragem, o comprador acaba escapando da tributação. Quando o produto cai na fiscalização, tem de pagar imposto correspondente a 60% da soma do valor da mercadoria e do frete. O valor precisa ser quitado numa agência dos Correios, onde o produto fica retido até o pagamento. Atualmente, a Receita Federal em Curitiba, responsável por receber todas as remessas de até dois quilos enviadas para o Brasil, tributa 2,5 mil encomendas por dia útil.
Prática comum
Apesar da restrição, comprar em lojas no exterior já faz parte do cotidiano de muitos brasileiros, como o analista de sistemas Claudinei Antônio Moraes. No começo, adquirir produtos importados era uma necessidade. "Quando estava na faculdade, em 1994, muitos livros que eu precisava não existiam no Brasil. Eu comprava pela internet e recebia em casa." Hoje ele dá prioridade à compra de acessórios para celular e informática. O principal atrativo, para Moraes, é a vantagem financeira. "Determinado produto ainda não é possível encontrar no Brasil. Quando se encontra aqui, na maioria das vezes, o produto lá fora, mesmo com o frete, acaba sendo mais barato", destaca o analista, que faz cerca de quatro compras por mês em lojas norte-americanas.