Uma empresa recém-criada promete pagar R$ 1,50 por quilômetro rodado a motoristas que aceitarem veicular anúncios em seus veículos. A Carlicity se apresenta como um ponto de conexão entre agências de publicidade e condutores interessados em uma renda extra e que não se importem em transformar seus carros em “outdoors ambulantes”.
Inspirada no modelo de negócios da norte-americana Carvertise, a Carlicity tem metas ambiciosas. Quando atingir “velocidade de cruzeiro”, a empresa espera ter 500 mil veículos cadastrados em sua base, pouco mais de 1% da frota nacional, estimada em aproximadamente 40 milhões de automóveis e utilitários.
Segundo a Carlicity, os motoristas escolhidos para uma campanha publicitária não terão qualquer despesa – os custos da adesivagem serão cobertos pelo anunciante – e poderão circular por suas rotas habituais, sem precisar mudar em nada suas rotinas de deslocamento. O cálculo a quilometragem percorrida será feito via GPS.
Ao todo, o anunciante pagará R$ 1,80 por quilômetro rodado, dos quais R$ 1,50 vão para o condutor e R$ 0,30, para a Carlicity. Em obediência à legislação brasileira, os anúncios cobrirão no máximo 40% da superfície do veículo.
O fundador da Carlicity, que tem sede em São Paulo, é o português naturalizado brasileiro Pedro Borges. Ele mora no país desde 2013 e preside o Saxo Bank Brasil, filial de um banco dinamarquês voltado a clientes institucionais, como bancos, gestores e fundos de pensão.
Sonhando alto, Borges espera atrair no longo prazo cerca de 1% do “bolo publicitário” brasileiro. Ou seja, mais de R$ 1 bilhão, considerando-se que em 2015 os investimentos em publicidade somaram R$ 132 bilhões. Um obstáculo importante é o fato de que a empresa não poderá atuar em São Paulo, o maior mercado consumidor do país, porque a Lei Cidade Limpa proíbe esse tipo de propaganda.
Os interessados devem se cadastrar no site da Carlicity e informar dados como o modelo e a cor do veículo. Mais adiante, a empresa vai solicitar quais são as ruas que o motorista costuma percorrer diariamente – o aplicativo para isso, semelhante ao Google Maps, deve ficar pronto em algumas semanas.
“Os potenciais anunciantes poderão acessar nosso banco de dados, obviamente sem acesso a informações pessoais dos condutores, e consultar quais são as rotas disponíveis em determinadas cidades, bem como os veículos que as percorrem”, diz Borges. “Na maioria dos casos uma campanha usará somente carros de determinado modelo e cor, que combinem com a peça publicitária. E, conforme o público que pretenda atingir, o anunciante ou a agência de publicidade escolherá os carros que percorrem determinados itinerários.”