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Empresariado e governo se preparam para mais um ano difícil pela frente

Humberto Cabral, da Embafort: em busca de um empate em 2015 | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Humberto Cabral, da Embafort: em busca de um empate em 2015 (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)
Otimismo estampado no rosto: Márcio Duarte, da Tecnoflex, projeta crescimento de até 40% |

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Otimismo estampado no rosto: Márcio Duarte, da Tecnoflex, projeta crescimento de até 40%

Inflação quase no teto, dólar mais caro, juros em alta e crescimento econômico próximo de zero. Foi o que tivemos em 2014, e é o que nos espera em 2015.

Apesar da mudança no comando do Ministério da Fazenda, até o governo sabe que a esperada correção de rota da economia brasileira não trará resultados tão cedo – e que, antes de melhorar, pode ser que alguns números até piorem um pouco.

Para reequilibrar as contas públicas, cuja desordem alimentou inflação e dívida pública nos últimos anos, o governo pensa em cortar despesas – inclusive investimentos – e elevar impostos. Medidas que, no jargão econômico, são chamadas de "contracionistas", por provocarem retração da atividade.

Não apenas os tributos federais devem subir. Com buracos no caixa, prefeituras (como a de Curitiba) e estados (como o Paraná) estão reajustando alíquotas. "Se a economia crescer 0,5%, será um feito a ser estudado. Seria a primeira vez que um aumento de impostos geraria crescimento", diz João Basilio Pereima, chefe do Departamento de Economia da UFPR.

Os repasses de recursos públicos para Caixa, Banco do Brasil e BNDES tendem a cair ou cessar e os juros subsidiados do banco de fomento, subir. O que, em paralelo à alta da Selic e das taxas dos bancos comerciais, pode inibir o já hesitante investimento privado. Tais medidas afetariam também o consumo das famílias, que perde vigor há algum tempo.

Impasse

Ao mesmo tempo em que eleva juros e estuda cortar gastos, o que ajudaria a segurar a inflação, a equipe econômica admite soltar as amarras de tarifas públicas em 2015, o que daria gás à alta dos preços. E a recuperação da economia dos Estados Unidos, a princípio uma notícia boa, traz consigo uma boa chance de alta dos juros americanos – o que joga para cima as cotações do dólar e põe lenha na inflação.

As decisões difíceis que o governo precisa encarar dão ideia do grau das distorções que nossa economia acumulou nos últimos anos. "Todos esses ajustes são necessários e é positivo que sejam feitos, mas tendem a conter o crescimento", diz Maurício Molan, economista-chefe do banco Santander. "Além disso, variáveis como a inflação não vão reagir imediatamente ao enfraquecimento da economia, o que vai passar a impressão de que o sacrifício não está dando resultado."

Samy Dana, professor da Escola de Administração de Empresas da FGV-SP, espera um ano difícil, "mas menos que 2014". "Temos um problema desafiador. Mas, se o PIB crescer o quanto o mercado espera, já será melhor que 2014", diz. Dana vê uma série de fatores jogando contra a economia brasileira. Um dos poucos pontos favoráveis pode vir justamente da alta do dólar, que, se por um lado vai elevar os custos de boa parte da indústria, por outro pode ajudar os exportadores.

Pessimismo

Mais pessimista que a média dos bancos e consultorias, o economista-chefe do banco Santander, Maurício Molan, prevê uma alta de 0,3% no PIB no ano que vem. Ele vê a inflação chegando a 6,8% e a Selic subindo até 12,5% ao ano, e também crê que o desemprego, hoje em 4,7% nas regiões metropolitanas, possa subir 1 ou 1,5 ponto porcentual até o fim de 2015. "Só não subiu até agora porque muita gente deixou de procurar emprego."

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