A Confederação de Empresários da Bolívia qualificou hoje como um sinal "desalentador" para os investimentos a decisão do presidente Evo Morales de reverter a favor do governo as ações de uma fábrica de cimentos que pertenciam a um empresário opositor, no departamento (estado) de Chuquisaca.
"O setor empresarial recebeu do presidente uma mensagem muito desalentadora", disse o líder da maior organização empresarial do país, Daniel Sánchez. Ontem, Evo emitiu um decreto que define a "recuperação" de 33,3% das ações da Fábrica Nacional de Cemento SA (Fancesa), a favor do governo de Chuquisaca, no sul do país. "Não existem dúvidas de que a decisão afetará os futuros investimentos privados nacionais e estrangeiros", disse Sánchez.
Os proprietários dos 33,3% das ações que serão revertidas ao governo estadual são os empresários Samuel Doria Medina e o Grupo de Cementos Chihuahua, do México. Os dois controlam a Sociedade Boliviana do Cimento (Soboce, na sigla em espanhol).
Em comunicado, a Soboce disse hoje que "defenderá seu patrimônio e todos os direitos que a lei ampara e garante, porque a arbitrária expropriação da sua participação acionária na Facesa é um ato contra toda a legalidade e uma agressão às normas constitucionais". O decreto fixa um prazo de 180 dias para alcançar um valor sobre as ações e a indenização da Soboce.
A empresa disse que comprou o pacote em 1999, por um equivalente a US$ 25,7 milhões. O ministro da Fazenda, Luis Arce, disse hoje que Doria Medina aproveitou sua condição de ministro, em 1999, para comprar as ações amparado numa lei de privatizações que foi aprovada pelo governo da época. "Estamos recuperando o que foi do Estado, não existe abuso". "O que houve foi um tráfico de influências".
Os outros donos da Facesa são a Prefeitura de Sucre, capital de Chuquisaca e cujo governo é oficialista, e uma universidade estatal.
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