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Empresário desde os 14, brasileiro se prepara para levar Stone à Bolsa

André Street, hoje na Stone, em evento da Associação Brasileira de Startups em 2015. | Reprodução/You Tube/
André Street, hoje na Stone, em evento da Associação Brasileira de Startups em 2015. (Foto: Reprodução/You Tube/)

Os executivos da Stone, novata do mercado de maquininhas de pagamento, estavam em dúvida se deixariam uma candidata avançar para a final de seu programa de seleção de jovens líderes.

Ela então foi desafiada a provar que era uma dos cinco que aguentariam o tranco de estar na vanguarda da empresa. Convenceu ao mostrar sua bravura no dia seguinte ao chegar trajando o quimono com o qual lutava caratê.

Com essa mistura de exigência implacável e espírito juvenil, a startup criada em 2013 ruma uma abertura de capital em Nova York. Os escritórios da empresa têm como marca a onipresença de jovens ambiciosos. Ter gente nova e disposta a fazer de tudo para crescer na companhia é uma das crenças principais de seu fundador, o carioca André Street, 34.

Tanto é assim que o dono de uma startup ouvido pela reportagem diz que é comum que Street pergunte a outros executivos se eles têm contratado novos moleques.

A opção se justifica pela trajetória do empreendedor. Filho de ortopedista dono de hospital, Street começou a fazer negócios ainda com 14 anos. Exportava produtos brasileiros, como cachaça e açaí.

Logo descobriu o setor de pagamentos online e, do alto de seus 15 anos, passou a buscar investidores. Sete anos depois foi fechada a primeira das seguidas vendas de negócios realizadas por Street, por R$ 500 mil. Uma fração do que viria depois.

Street vendeu a Braspag, também de pagamentos online, para o Grupo Silvio Santos por R$ 25 milhões em 2009. Em 2015, ele e seus sócios venderam a Sieve, grupo de empresas de comércio eletrônico, para a B2W (dona de Submarino e Americanas.com) por R$ 88,6 milhões.

Apesar de se cercar de garotos, Street entendeu desde cedo que não deveria desprezar a experiência dos mais velhos. Em seus negócios da juventude, tinha como conselheiro Beto Sicupira, um dos donos da Ambev, amigo da família a quem chamava de tio e que está com ele até hoje. O fundo Gávea, de Armínio Fraga, além de Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles, sócios de Sicupira, também investem na Stone.

Edson Rigonatti, sócio do fundo de investimento em startups Astella, diz que o sucesso do empresário está em ter modernizado para uma nova geração o manual de meritocracia adotado pela Ambev. Com frequência Street fala sobre a importância de trazer profissionais de alto desempenho, que tenham inteligência, energia e integridade.

Os funcionários têm sua performance avaliada, e os 10% de pior desempenho são demitidos. Porém, é comum a crítica de que, apesar das promessas de rigor e de recompensa, a empresa possui líderes ainda pouco experientes, que têm dificuldades para estruturar processos. A reportagem também ouviu queixas de que se exige muito dos profissionais, por vezes sem oferecer premiação para quem merece.

A Stone tem se notabilizado por entrar em debates junto ao Congresso, ao Banco Central e ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para discutir como o mercado de pagamentos poderia se abrir a novatas.

Por isso, é vista no setor como combativa e arrojada. A questão agora é se o mercado continuará a encará-la com a mesma admiração quando seus dados financeiros se tornarem públicos, às vésperas da abertura de capital.

Nos negócios, a principal dúvida fica por conta de sua estratégia de distribuição. Enquanto Cielo, Rede e Getnet aproveitam a proximidade com os bancos, que ajudam a obter clientes, a Stone optou por ter milhares de vendedores nas ruas.

Segundo a consultoria Boanerges & Cia, especializada em varejo financeiro, a empresa conseguiu, desta forma, cerca de 2% do mercado. O consultor Boanerges Freire diz serem pouco consideradas as ambições da empresa.

Contatado, Street não quis dar entrevista.

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