Aeroportos
Setor é o que mais concentra insatisfação
Mesmo apontadas pelas empresas como principal alvo de melhorias na infraestrutura brasileira, as rodovias não ficam à frente dos aeroportos no quesito insatisfação. Neste tópico, 70% das companhias se colocaram como "muito insatisfeitas" em relação à oferta dos terminais aeroportuários, enquanto a malha rodoviária foi lembrada por 67% dos executivos. Em terceiro lugar, ficaram os portos, indicados por 51% dos entrevistados.
Os números comprovam a dependência e até certa resiliência da iniciativa privada brasileira em torno das rodovias: mesmo mais insatisfeita com outros setores, as exigências continuam sendo pela melhoria das rodovias.
Para Paulo Rezende, professor da Fundação Dom Cabral (FDC), isso ocorre pela grande necessidade que as empresas ainda possuem pelas rodovias. "Elas são absolutamente dependentes de um modal em estado precário", afirma.
A questão dos aeroportos está sendo revista pelo governo federal. Há poucas semanas, foram feitos leilões para a concessão de três dos principais terminais brasileiros Guarulhos, Viracopos e Brasília. Logo após os resultados dos leilões, a União acenou com a possibilidade de ampliar o número de locais a passar pelo mesmo processo.
O governo federal também sinalizou a intenção de conceder trechos de rodovias federais, em projetos de parcerias público-privadas. Até o fim do ano, o Ministério dos Transportes deve concluir a licitação de alguns trechos para longas concessões, de no mínimo de dez anos.
Preços
Mão de obra é vilã dos custos
À parte das reclamações e dificuldades envolvendo a infraestrutura nacional, o item indicado pelas empresas como o que mais impacta seus custos e, consequentemente, os preços aplicados é a mão de obra.
Este quesito também fez parte da pesquisa divulgada pela Fundação Dom Cabral e mostrou que 67,1% das empresas apontam a mão de obra especializada como principal fator de encarecimento no preço final dos produtos. O item ficou acima até do transporte terrestre, que teve grande peso em outras questões do levantamento, e neste quesito apareceu com 58,5% das respostas. Em terceiro lugar ficou a energia para a produção, com 49,6%.
A mão de obra especializada também foi lembrada pelos executivos como um dos elementos dos quais as empresas mais dependem (79,1%), perdendo apenas para internet (90,2%) e energia elétrica (82,1%).
Por mais que aposte no desenvolvimento de modais alternativos, o empresariado brasileiro concentra suas exigências ligadas à infraestrutura na recuperação e na ampliação das rodovias do país. A informação é de um levantamento feito pela Fundação Dom Cabral, que envolveu a participação de 259 organizações e buscou relacionar os principais gargalos na infraestrutura do país segundo as dificuldades e desejos do empresariado brasileiro.
De acordo com os números da pesquisa, as melhorias rodoviárias são desejo de 61% dos empresários entrevistados. Os avanços nas operações de ferrovias e a ampliação de terminais aeroportuários também foram listados, mas com participação menor, de 22% e 20% respectivamente.
"Não chega a ser um quadro de surpresas, mas traz a consolidação de um cenário. A primeira preocupação de quem depende da infraestrutura do país é em relação às rodovias. Esta é a prioridade. E isso ocorre porque a iniciativa privada foi envolvida ao longo de décadas na altíssima dependência deste modal", afirma Paulo Rezende, coordenador do Núcleo CCR de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral.
Segundo ele, em uma perspectiva de longo prazo, os demais meios de transporte são desejados, mas, no momento atual, a maior dificuldade é em torno das rodovias. "Por mais que a tamanha concentração neste modal seja indesejada, não podemos criar uma ruptura imediata. As empresas utilizam estas vias hoje e isso vai se manter por um bom tempo. Por isso, suas questões são preocupantes e devem ser conduzidas", diz.
Dificuldade generalizada
Para Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), mesmo com a necessidade de "consertar" o problema rodoviário, o país não pode abrir mão de um modal em função do outro. "Ao mesmo tempo em que há a exigência imediata pelas rodovias, deve haver a posição de se cobrar e planejar investimentos em outras malhas, principalmente nas ferrovias e portos", afirma.
A opinião é semelhante à de Marcelo Felipe, diretor de materiais da Positivo Informática. Segundo ele, as rodovias enfrentam, sim, os maiores problemas. Porém, as dificuldades não são exclusivas deste modal, mas generalizadas, o que exigiria a continuação dos investimentos em diversos setores.
"De um modo geral, a situação dos modais é melhor se comparada à de anos atrás, mas ainda há um longo caminho pela frente. Parte disso ocorre porque o crescimento da atividade do país está mais rápido que a adaptação de sua infraestrutura voltada à logística. O desafio é adequá-los", afirma Felipe.
O país já parte de uma condição de atraso, segundo Pires. Em sua opinião, este é um dos fatores que alimentam o pessimismo das empresas com a situação. Outro deles seria a má administração pública do setor, que deveria apostar mais em concessões à iniciativa privada, como vem ocorrendo no setor aeroviário. "Mas para isso é necessário conduzir modelos de concessão corretos, em que a iniciativa privada ficasse com o controle total do empreendimento e o governo assumisse o papel de regulador e fiscalizador, também de maneira efetiva", diz o diretor.
Um terço vê Paranaguá como crucial
Pelo estudo da Fundação Dom Cabral (FDC), 30% das empresas entrevistadas apontaram obras de melhorias no Porto de Paranaguá como "importantes" ou "muito importantes" para o setor como um todo. Nesta parte, a pesquisa pedia para que fossem indicadas as obras mais necessárias dentro de cada modal. O Porto de Santos liderou a lista, com 52% das empresas indicando suas melhorias.
De acordo com Paulo Rezende, professor da FDC, enquanto Santos tem necessidade de se adequar ao grande volume demandado, Paranaguá tem problemas estruturais e no atendimento de segmentos diversos. "O porto paranaense tem de aumentar sua capacidade portuária pensando no volume de contêineres. Outra reclamação constante é no sentido de se preparar melhor para oferecer serviços a outros setores, uma vez que acaba sendo muito concentrado nos grãos e na indústria automobilística."
Para este ano, a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) promete R$ 226,8 milhões em projetos já contratados ou prestes a serem licitados, com obras como a dragagem dos pontos críticos do terminal. Na esfera privada, o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) vai investir R$ 120 milhões na ampliação do cais em 315 metros.
A pesquisa da FDC ainda apontou as principais obras apontadas como necessárias para outros modais. No caso do setores aeroportuário e rodoviário, as maiores reivindicações ficaram com o terminal de Guarulhos (40%) e a duplicação da BR-101 (51%).
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