Reafirmando a interrupção da política de privatização de ativos iniciada no governo de Michel Temer (MDB) e acelerada na gestão de Jair Bolsonaro (PL), a Petrobras desistiu de vender a refinaria Lubnor, de Fortaleza, ao grupo cearense Grepar – que, agora, promete brigar na Justiça por uma indenização.
A compra havia sido acertada no ano passado por US$ 34 milhões, aproximadamente R$ 167,3 milhões. A Petrobras anunciou a rescisão do contrato na segunda-feira (27).
Nesta semana, a estatal também pediu ao Cade para renegociar um acordo que a obriga a vender oito refinarias. E o presidente da companhia, Jean Paul Prates, disse que conduz negociações para recomprar a RLAM, na Bahia, vendida no governo passado.
Petrobras desistiu por "viés ideológico" do novo governo, diz empresário
O empresário Clovis Fernando Greca, controlador do grupo Grepar, disse em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo" que a petrolífera desistiu de vender a Lubnor por causa do "viés ideológico" da gestão petista. "[O governo] é contra qualquer venda de qualquer ativo. Estamos num momento de Estado muito mais atuante na economia", afirmou.
Em nota, a Petrobras afirma que o contrato foi rescindido "em razão da ausência de cumprimento de condições precedentes nele estabelecidas até o prazo final definido em tal contrato (25/11/2023), em que pesem os melhores esforços empreendidos pela Petrobras para conclusão da transação".
Greca afirma que a estatal fez de tudo para dificultar o cumprimento dos prazos. "Ela [a Petrobras] simplesmente desistiu. Desistiu de fazer negócio, de um contrato no qual não pode ter desistência. Ela não decidiu fazer isso agora. Decidiu quando um novo governo assumiu. O propósito era desfazer o contrato. O que o governo anterior fez, o atual quer desfazer. Não interessa se a coisa é boa ou não. Se a coisa está correta ou não", disse ao jornal.
Agora, com a frustração do processo, Greca avisa que não vai mais investir no Brasil. "Vou pegar o meu recurso e tirar do país", disse o empresário. "Vou investir em outros lugares, que queiram ter empresariado fazendo investimentos sérios."
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