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homenagens

Empresários e amigos lamentam perda de Antônio Ermírio de Moraes

O corpo do empresário Antônio Ermírio de Moraes está sendo velado na manhã desta segunda-feira (25) no salão nobre do Hospital Beneficência Portuguesa.Familiares e amigos do presidente honorário do Grupo Votorantim já chegaram para se despedir do empresário, em evento aberto ao público.

Ermírio de Moraes, 86, morreu de insuficiência cardíaca, em casa, em São Paulo, na noite de domingo (24). Ele deixa a mulher com quem teve nove filhos.O sepultamento será às 16h no cemitério do Morumbi, zona oeste de São Paulo.Emocionado, o presidente da Associação Comercial de São Paulo, Rogério Amato, afirmou que o dia servirá não somente para dar adeus a Moraes, mas para recordar seu legado.

"Existem homens que marcam a história de um país. Esse era um deles", disse. "Precisamos, hoje, reaver valores e princípios dele, como o trabalho, a simplicidade e o patriotismo", declarou Amato.

O presidente do conselho deliberativo do Hospital Beneficência Portuguesa, Fernando Ramalho, também falou à imprensa."A família Ermírio de Moraes dedicou várias décadas à administração dessa instituição. Graças a isso, continuamos superando obstáculos para atender a toda a população."

Também compareceram à despedida do empresário os presidentes do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Trappi, e Sergio Herz, da Livraria Cultura.

Em nota, Trabuco disse que a diretoria executiva do Bradesco se solidariza à família de Antônio Ermírio de Moraes e ao Grupo Votorantim pela perda do empresário."Em sua marcante trajetória de vida, foi um pioneiro da moderna iniciativa privada do Brasil, verdadeiro desbravador de caminhos e oportunidades. Sua coragem empreendedora fez do Votorantim um gigante da indústria nacional e global, no qual o crescimento sustentado e a bem-sucedida diversificação forjaram ao longo dos anos centenas de milhares de empregos e riqueza crescente para o país, afirmou.

"Modelo de chefe de família e capitão de indústria, dr. Antônio, como muitos o chamavam com carinho e respeito, deixa um exemplo único de visão empresarial, comando seguro e amor em tudo o que construiu. Sem a presença dele, perde-se um grande líder que deixa, para as atuais e futuras gerações, uma herança indelével sobre a importância de se acreditar em si mesmo, nas pessoas e no Brasil."

"Foi-se um homem de crença e coragem na defesa dos valores do investimento, do emprego e da produção", disse, também em nota, Lázaro de Mello Brandão, presidente do Conselho de Administração do banco.

"Será sempre visto como referência maior para todos os que acreditam na iniciativa privada como instrumento para tornar o mundo melhor. Um vencedor cujo paradigma servirá para esta e muitas outras gerações de brasileiros", disse Brandão. No velório, Brandão falou em nome do Bradesco.

"Era um excelente profissional, que dizia nunca tirar férias e tinha obstinação pelo que fazia, trazendo o melhor para o país. Cumpria suas obrigações e deixou um exemplo excepcional."

Gestor

O ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, ressaltou a atuação do empresário na gestão do grupo Votorantim. "É um homem que destoa de sua geração porque conseguiu manter e ampliar o grupo que, junto com seus irmãos, herdou de seus pais."

Também prestaram homenagem a Moraes o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Luiz Furlan, o ex-ministro da saúde Adib Jatene e o médico Raul Cutait, ex-diretor do Hospital Sírio-Libanês.

A Fiesp divulgou nota sobre a morte de Ermírio de Moraes, homenageado em 2005 com o título de presidente emérito da federação.

"Em seus mais de 50 anos de vida empresarial, participou ativamente dos principais temas do país e nunca deixou de defender suas convicções para construir um Brasil melhor. Destacou-se também como cidadão brasileiro, no mais verdadeiro sentido da palavra, levando seu brilhantismo às ações voltadas às áreas social, da saúde, artística e política", afirmou a entidade.

Responsável por coordenar um livro para comemorar os 80 anos do empresário, o deputado federal Gabriel Chalita (PMDB-SP) foi outro a se manifestar.

"Tive a honra de ser amigo e confrade de Antônio Ermírio de Moraes. Um gigante do trabalho e da generosidade. Apaixonado pelo Brasil", comentou no Twitter. "O maior legado de Antônio Ermírio não é o sucesso empresarial, é a simplicidade. Por isso, teve olhos de ver e mãos de ajudar."

Moraes era engenheiro metalúrgico formado pela pela Colorado School of Mines (EUA) e iniciou a carreira na Votorantim em 1949. Ele foi responsável pela pela instalação da Companhia Brasileira de Alumínio, em 1955.

O empresário publicou ao menos cinco livros e escreveu por 17 anos uma coluna dominical na Folha, mas seu principal hobby era o teatro. Ele escreveu e produziu três peças teatrais que focalizavam os problemas brasileiros e foram representadas em várias cidades do país: "Brasil S.A.", "SOS Brasil" e "Acorda Brasil.

As atividades como escritor lhe garantiram a cadeira 23 da Academia Paulista de Letras.

O empresário também dedicou parte da sua vida a atividades filantrópicas em instituições como a Cruz Vermelha Brasileira e a Sociedade Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Moraes construiu um dos maiores impérios econômicos do país - o Grupo Votorantim está presente em mais de 20 países e atua em diversos segmentos industriais como cimentos, metais, siderurgia, energia, celulose, agroindústria e negócios de banco de investimento - em mais de 50 anos de história brasileira.

Sem receio de gerar desafetos, criticou a ditadura militar e a atuação de multinacionais e tentou carreira política.Em 1986, o empresário se lançou candidato pelo PTB ao governo do Estado de São Paulo, perdendo para Orestes Quércia (PMDB).Em entrevista à colunista Mônica Bergamo, em 2000, o empresário disse que se candidatou ao governo para combater Paulo Maluf. "Não voto em Maluf de jeito nenhum", disse Ermírio. "Nunca votei e nunca votarei."

Em 2013, o sociólogo José Pastore, que conviveu por mais de 35 anos, escreveu a biografia do empresário: "Antônio Ermírio de Moraes, Memórias de um Diário Confidencial".

Em nota, a Votorantim informou que "o grupo perde um grande líder, que serviu de exemplo e inspiração para seus valores, como ética, respeito e empreendedorismo, e que defendia o papel social da iniciativa privada para a construção de um país melhor e mais justo, com saúde e educação de qualidade para todos".

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