A atividade industrial paulista mostrou ligeira recuperação em outubro, mas as perspectivas para os próximos meses pioraram, em meio a temores com o impacto negativo do crescimento nas importações, avaliou a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) nesta terça-feira.
O diretor do Departamento Econômico da Fiesp (Depecom), Paulo Francini, voltou a falar nas preocupações envolvendo a "desindustrialização" da economia por conta do aumento "vertiginoso" nas compras externas.
O Sensor --índice que mede o humor do investidor no mês corrente-- caiu para 51,2 em novembro, frente a 52,6 em outubro, na menor leitura desde dezembro de 2009, quando marcou 50,7. Uma leitura acima de 50 aponta otimismo, enquanto abaixo sugere pessimismo.
"Eu diria que as variáveis estão bem (emprego e renda). Eu só posso dizer que seja importação. A demanda está sendo atendida por outro alguém que não a produção doméstica", afirmou.
"O Sensor abaixo de 50 em mercado e vendas e ainda apontando um estoque acima do desejável nos dá pela primeira vez uma perspectiva um pouco, eu diria, pior."
A variável mercado do Sensor recuou para 46,7 neste mês, ante 52,1 em outubro, enquanto a de vendas cedeu a 48,3, contra 51,8.
Estoque ficou em 45,0, ante 45,1 no mês passado. Números abaixo de 50 nessa variável indicam elevação na quantidade de produtos estocados.
INA
A Fiesp informou ainda que o Índice de Nível de Atividade (INA) subiu 0,5 por cento em outubro ante setembro, segundo dados com ajuste sazonal.
Sem ajuste, o indicador recuou 0,1 por cento. Em relação a outubro de 2009, houve alta de 3,3 por cento.
"(O número mostra) claramente uma certa acomodação naquele ritmo de crescimento da indústria de transformação. (Mas) de certa maneira, interrompe os números negativos que havíamos divulgado anteriormente", disse Francini.
A Fiesp revisou o dado do INA de setembro em relação a agosto, de queda preliminar de 0,1 por cento para recuo de 0,4 por cento.
O nível de utilização da capacidade instalada na indústria ficou em 82,8 por cento no mês passado com ajuste sazonal, ante 82,2 por cento em setembro e 81,3 por cento em outubro do ano passado.
"(O dado) está sempre numa grande zona de conforto... no sentido de não estar elevado para os padrões comparativos utilizados."
Entre os setores, destaque de alta para Produtos químicos, petroquímicos e farmacêuticos, com avanço de 0,4 por cento em outubro sobre setembro com ajuste sazonal, e Máquinas e equipamentos, com elevação de 0,3 por cento.
"Percebe-se claramente uma certa acomodação... O que preocupa claramente é o andar da carruagem no que se refere às importações", avaliou Francini.
Na ponta de baixo, Celulose, Papel e Produtos de Papel recuou 1,5 por cento em outubro ante setembro com ajuste sazonal.
"Essa queda do setor é pontual e casual. A recuperação no mês de novembro vai ocorrer."
No acumulado do ano, o crescimento da atividade industrial paulista é de 11 por cento.