Empresários não apostam em uma guinada da política econômica para a esquerda com a volta do ex-presidente Lula a Brasília , agora como homem forte do governo, como deseja o PT.
Para eles, ao assumir a Casa Civil, Lula tentará, em um primeiro momento, reaproximar o governo e o partido com um discurso de retomada de crescimento.
Mas o rombo fiscal e a pressão do dólar só deixam espaço para “medidas cosméticas” na economia, dificultando manobras que já foram usadas por Dilma no passado, como baixar juros à força e obrigar os bancos públicos a ampliar significativamente o crédito para estimular o consumo.
Avançar por esse caminho pode jogar o país na rota da Venezuela com câmbio nas alturas e inflação descontrolada. Por seu histórico, Lula é considerado pelo setor privado um político “pragmático” e mais sensível a esse risco do que Dilma.
Nas últimas semanas, o PT e os movimentos sociais ligados ao partido pressionam o governo Dilma a abandonar a reforma da Previdência, vista como um ataque aos direitos do trabalhador, e a adotar medidas de estímulo à economia mesmo sem dinheiro.
A primeira tarefa do ministro Lula será política: refazer as pontes com o PMDB e derrotar o impeachment no Congresso.
Os empresários acreditam que suas chances são pequenas. Lula e sua família estão sendo investigados pela operação Lava Jato e novas denúncias podem surgir. Sua nomeação, que garante foro privilegiado, pode gerar forte reação contrária da opinião pública.
Os investidores já reagiram negativamente. Na terça-feira (15), ainda na expectativa da nomeação de Lula como ministro, o que só aconteceu nesta quarta (16), a Bolsa caiu 3,56% e o dólar subiu 3%, fechando em R$ 3,75. Às 11h45 desta quarta, o dólar já tinha chegado a R$ 3,83.
Para o empresariado, se Lula e o governo sobreviver a tudo isso, aí sim tentará uma aproximação com o setor privado para retomar investimentos. Ainda assim, eles têm dúvidas se poderão confiar no governo.
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