Corporações e celebridades são os clientes mais antigos
A gestão de imagem on-line não é propriamente nova. Há anos, grandes empresas e pessoas que dependem financeiramente da presença na web empregam assessores para editar suas reputações no ambiente virtual. Essa operação costuma ser ofertada nos pacotes de serviços de escritórios de relações públicas, de advocacia ou de consultores especializados.
Serviço custa de US$ 120 ao ano a US$ 10 mil por mês
A Reputation.com tem mais de 120 funcionários, mas a gestão de imagem on-line pode ser oferecida por um programador experiente. A Metal Rabbit Media, por exemplo, ainda funciona num apartamento ensolarado e de dois quartos em Chelsea, onde o proprietário Bryce Tom passa seus dias em frente a dois computadores, escrevendo códigos que tentam burlar as ferramentas de busca. A empresa tem um funcionário e dois free-lancers.
Operação esconde, mas não apaga
Uma vez que determinada informação cai na rede, pode ser muito difícil, se não impossível, retirá-la do ar. Por isso, ajustar a reputação de uma pessoa no ambiente on-line geralmente se resume a enganar os mecanismos de busca. Alguém preocupado com a própria imagem e que saiba como funciona a arquitetura da web pode tentar fazer isso por conta própria, ao encher a internet de conteúdo favorável. A medida pode incluir a criação de sites ou blogs pessoais, e o registro em redes sociais populares como Facebook, Twitter e LinkedIn.
A internet nunca esquece. Basta perguntar ao professor de ensino médio que acabou de se divorciar após um casamento de cinco anos. Coloque o nome dele no Google e a ex-esposa aparecerá em retratos de férias e festas de Natal. "É difícil quando você está tentando começar um namoro e a sua ex ainda está, digamos, na foto", diz o professor, que não quer piorar a situação ao ter seu nome publicado no jornal.
O mesmo vale para o publicitário Bryan. Ele é um bem-sucedido profissional do marketing on-line e dá aulas na Universidade de Nova York, mas faça uma busca com seu nome na internet e um dos primeiros resultados será um comunicado à imprensa divulgado pela Procuradoria dos Estados Unidos. Há oito anos, Bryan foi acusado de receber indevidamente dinheiro destinado às famílias de vítimas do 11 de Setembro. "Mesmo depois desses anos todos, os links continuam lá", conta o publicitário, que teve de pagar uma multa de US$ 2 mil pelo delito.
Há também o caso do fisiologista da Filadélfia que se espantou ao ver seu nome citado num site de defesa do consumidor. A página apontava o profissional como sendo graduado de uma escola de ensino à distância fechada pelas autoridades de ensino. "Eu me senti totalmente vítima, pois não havia nada que eu pudesse fazer a respeito. Meu número de clientes começou a encolher", relata o fisiologista, que preferiu não se identificar para não atrair ainda mais atenção.
No começo, alguns desses personagens tentaram manipular o resultado das buscas na web por conta própria, apagando fotos no Flickr, revisando a página pessoal do Facebook e solicitando aos blogueiros que retirassem posts ofensivos. Mas, como uma metástase de câncer, os dados comprometedores penetram nos cantos mais obscuros do ciberespaço e ficam lá, para sempre gravados em arquivos, algoritmos e na teia de hiperlinks.
Depois de não conseguir se livrar sozinha das informações do passado, algumas pessoas começam a procurar a ajuda de uma nova categoria de especialistas, os chamados "gestores de reputação on-line", que prometem eliminar as mensagens negativas, esconder resultados desfavoráveis de buscas e monitorar a imagem virtual de seus clientes. Dessa maneira, ao pesquisar o nome deles na web, fica mais difícil encontrar links para páginas de conteúdo contraditório. "Levou uns dois meses, mas agora, quando você coloca meu nome no Google, os sites negativos aparecem lá pela sexta ou sétima página de resultados", diz o fisiologista. "Minha clientela melhorou consideravelmente, e as pessoas que ligam para fazer consultas dizem que me encontraram na internet."
A Reputation.com, contratada pelo profissional, faz parte do crescente exército de empresas que prometem melhorar a imagem de seus clientes na web. Numa era em que a reputação dos indivíduos é cada vez mais definida por ferramentas como Google, Facebook e Twitter, a nova espécie de consultoria oferece basicamente uma maquiagem on-line, melhorando a forma como determinada pessoa é retratada na internet, geralmente por meio do destaque das características favoráveis e pela ocultação das informações negativas.
"A internet se tornou o principal recurso para destruir a vida virtual de alguém, e isso, por sua vez, faz com que a vida off-line dessas pessoas também vire de cabeça para baixo", diz Michael Fertik, executivo-chefe da Reputation.com, cuja sede fica em Redwood City, na Califórnia, e que já é uma das maiores do ramo. "A internet atingiu um grau de complexidade, vastidão e rapidez que as pessoas não conseguem controlá-la por conta própria. Elas precisam do apoio de um exército de tecnólogos no mundo virtual."
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