São Paulo - A desvalorização da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) desde o início deste ano já provocou uma destruição de valor entre as empresas de capital aberto num montante equivalente ao do Banco do Brasil, aponta um levantamento da consultoria Economática. A consultoria leva em conta o total das ações disponíveis na praça multiplicado pelo seu preço corrente para calcular o valor de mercado.
Pelos cálculos da Economática, as 320 empresas brasileiras de capital aberto tinham um valor de mercado total de R$ 2,433 trilhões no fim de 2010. Essa cifra encolheu para R$ 2,347 trilhões até o pregão de anteontem: uma diferença de R$ 85,6 bilhões, igual ao valor do Banco do Brasil, uma das maiores instituições financeiras do país, nesse mesmo dia.
Ainda conforme o levantamento da Economática, o setor da bolsa que amargou as maiores perdas foi o de alimentos e bebidas, em que o valor de mercado contraiu R$ 25,3 bilhões desde o fim de 2010, ou uma queda de 11,7%. O setor de máquinas industriais veio em segundo lugar, com recuo de 10,8%.
Em termos absolutos, a maior perda foi verificada no setor bancário: o valor de mercado das empresas desse segmento ficou R$ 32,60 bilhões menor entre o fim de 2010 e o pregão de segunda-feira.
Ontem, a Bovespa se sustentou em terreno positivo na maior parte da sessão, na contramão dos mercados americanos. Mas, perto do encerramento dos negócios, a forte desvalorização das ações da BM&FBovespa contribuiu para derrubar o índice Ibovespa, que fechou com queda de 0,32%, aos 66.341 pontos.
Fusão
As bolsas de valores Nyse, de Nova York, e a Deutsche, de Frankfurt, anunciaram ontem a fusão que deve dar corpo à maior bolsa mundial em volume de negócios. O comando da nova empresa será dividido em 60% para a Deutsche e 40% para a Nyse.
Segundo o comunicado conjunto, divulgado a partir das cidades-sede das bolsas, a fusão das companhias deve "criar o primeiro grupo mundial de intercâmbio global, que será líder mundial em derivativos e administração de risco, o maior e mais conhecido instrumento para captação de capital e comércio de ativos", declararam os diretores de ambas as empresas.
As companhias baseadas em Frankfurt e Nova York estão no centro de um palco de fusões montado na semana passada e esquentado na segunda-feira, depois que a BMF&Bovespa afirmou que está atenta a oportunidades e que tem particular interesse no continente asiático. A bolsa brasileira é a quarta maior do mundo em capitalização de mercado e já mantém aliança com o norte-americano CME Group. O nacionalismo é um dos principais obstáculos para fusões na indústria, uma vez que bolsas de valores ao redor do mundo são consideradas como símbolos de orgulho nacional e importantes para a atração de negócios e capitais.