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Reino Unido

Empresas de mídia pedem investigação sobre notícias falsas no Google e Facebook

 | LLUIS GENE/AFP

A News Media Association (NMA, endidade que representa 1.100 títulos de veículos de comunicação do Reino Unido) pediu ao Comitê de Cultura, Mídia e Esporte britânico que investigue formalmente o impacto de Google, Facebook e do modelo de anúncios digitais sobre a proliferação de notícias falsas. O comitê, que é um órgão do parlamento britânico que fiscaliza as políticas do governo no setor, já está conduzindo uma análise sobre as notícias falsas. A NMA, em seu pleito, argumenta que o atual modelo de publicidade digital eleva a remuneração de Google e Facebook em detrimento dos produtores de conteúdo, criando assim condições para uma “indústria de notícias falsas” prosperar.

“Os veículos de comunicação são de longe os que mais investem em conteúdo noticioso original, respondendo por 58% do total investido no Reino Unido, afirmou em comunicado divulgado hoje Ashley Highfield, diretora da NMA, cujos veículos representados têm uma audiência mensal de 48 milhões de leitores por mês no Reino Unido.

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“Mas a cadeia digital remunera os distribuidores do conteúdo, e não seus produtores. O governo e as autoridades reguladoras não podem ignorar para sempre o impacto do duopólio Google-Facebook no ambiente da nossa mídia”, acrescenta.

O comunicado destaca que, recentemente, a Procter & Gamble, empresa que é a maior anunciante do mundo, definiu o modelo de publicidade digital como “obscuro na melhor das hipóteses, fraudulento na pior”.

A NMA cita reportagem do “Times” para destacar os perigos do sistema, cada vez mais usado, de anúncios automáticos, que distribui peças publicitárias arbitrariamente, fazendo com que empresas apareçam em sites de notícias falsas ou mesmo em páginas de terrorismo. Segundo a associação da mídia britânica, este sistema deixa os anunciantes “no escuro” em relação a como seu dinheiro é gasto.

Ashley também afirma que a análise em curso hoje pelo comitê regulador britânico é uma oportunidade para concentrar a atenção “no imenso valor” das notícias genuínas para a sociedade e a democracia e pede que as autoridades “não rotulem de ‘notícias falsas’ as histórias das quais simplesmente discordam ou as manchetes das quais não gostam”.

Ela lembra, ainda, que o sistema acaba sendo benéfico para quem produz notícias falsas em detrimento dos que trabalham seriamente. E afirma que quem veicula notícias falsas “age sem se preocupar com precisão ou difamação para inventar conteúdo sensacionalista o bastante para aproveitar o máximo possível o potencial dos algoritmos de Facebook ou Google”.

O comunicado diz que a parcela de publicidade que os veículos de comunicação recebem doo tráfego gerado por Google e Facebook não chega nem perto de cobrir os investimentos das empresas de mídia para produzir conteúdo de qualidade, como as despesas com jornalistas profissionais, advogados, entre outros custos.

Por isso, a associação quer que os as autoridades competentes ajam para garantir que Google, Facebook e outras plataformas respondam por suas responsabilidades, mas reforça que é contra a criação de leis que possam afetar o direito à liberdade de expressão ou que criem mais obrigações ou novas restrições à mídia tradicional.

Ainda segundo o texto, a NMA quer que o comitê avalie a posição dominante de Google e Facebook e o impacto que isso tem sobre os outros concorrenets do mercado, os consumidores e os anunciantes. A associação de mídia pede ainda uma revisão do status de Google e Facebook à luz da regulação, para avaliar se essas plataformas devem continuar sendo consideradas mero intermediários e se não devem assumir outras responsabilidades.

E solicita ainda que representantes de Google, Facebook, grandes agências e anunciantes sejam convidados pelo Comitê para debater os desdobramentos da publicidade digital e sua relação com o avanço das notícias falsas.

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