A expansão internacional das empresas de países em desenvolvimento, especialmente a partir dos anos 90, é um fenômeno que adquire cada vez mais importância na economia mundial, segundo um relatório divulgado nesta sexta-feira pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
Segundo a Cepal, a Ásia mostrou melhor rendimento neste processo que a América Latina e o Caribe. Mas, no entanto, destaca que as empresas da região aumentaram significativamente seu processo de internacionalização.
Após enumerar que a maioria das transnacionais da região vem do Brasil, Argentina, Chile e México, o órgão das Nações Unidas explica que a expansão internacional foi motivada por fatores como as reformas econômicas, mercados locais saturados e necessidade de diversificar riscos.
Na opinião da Cepal, as maiores "translatinas" - como chama estas empresas no relatório - com investimentos mais diversificados geograficamente estão em atividades baseadas em recursos naturais, como mineração, aço, petróleo e gás, além de cimento.
O relatório ressalta que, em geral, as empresas deste grupo tiveram forte apoio estatal para desenvolver, acrescentando que algumas são ou foram empresas estatais, e outras cresceram aproveitando os planos de privatização em seu país ou nas economias vizinhas.
Na indústria de alimentos e bebidas, a Cepal destaca que as "translatinas" se concentraram na região e no mercado formado pelos imigrantes latinos nos Estados Unidos.
Na área de serviços, acrescenta, uma primeira geração de empresas no setor de engenharia e construção se desenvolveu principalmente a partir dos anos 80 em diversas regiões do mundo.
Segundo a análise, contida no relatório "O investimento estrangeiro na América Latina e no Caribe 2005", a partir das reformas dos anos 90 surgiu uma nova geração de "translatinas" nos serviços, como a Telmex e a América Móvil nas telecomunicações.
O relatório também destaca as empresas chilenas de comércio no varejo (Falabella, Ripley, Fasa), que concentraram sua estratégia de internacionalização na América Latina.
A Cepal destaca que as "translatinas" são um fenômeno em crescimento e poderiam ter um papel importante nos fluxos de investimento estrangeiro direto (IED) para os países da região.
No entanto, o relatório adverte que, se as empresas não renovarem de forma permanente e contínua suas vantagens competitivas, podem correr o risco de ser absorvidas pelas empresas transnacionais de nível mundial.