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Balanço

Empresas em ano de lucro e recuperação

 | Sossella
(Foto: Sossella)

A temporada de divulgação das informações trimestrais das empresas de capital aberto do país, praticamente encerrada nesta semana, deixa claro que 2007 cravou um dos melhores anos para as companhias brasileiras. Expressões como "lucro recorde" e "resultado bem acima das previsões" são usadas com freqüência. Mesmo setores que vinham acumulando prejuízo responderam positivamente. Somente as sete principais empresas com ações listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), as chamadas "blue chips", tiveram aumento médio de 53,7% em seus lucros.

As boas notícias também chegaram à maioria das empresas paranaenses listadas em bolsa. Os lucros foram crescentes para a fabricante de computadores Positivo Informática e para o Paraná Banco. A companhia telefônica GVT saiu do vermelho e registra lucro no acumulado do ano. A América Latina Logística (ALL) reverteu prejuízo e fechou o trimestre no azul. A Copel, embora registre lucro menor no acumulado do ano, teve aumento de ganhos no trimestre.

E as surpresas não devem parar por aqui. Profissionais que acompanham as empresas de perto não têm dúvida de que os balanços anuais serão tão ou mais promissores que os resultados apresentados até agora, e estão cheios de otimismo para o ano que vem.

"É um ano muito bom. Quem está indo mal deve estar pensando em mudar de negócio", afirma Pedro Jaime Cervatti, professor do Ibmec e sócio da KPMG Consultores Independentes. Para ele, 2007 ofereceu o melhor cenário dos últimos 15 anos para as companhias brasileiras. "Em anos anteriores nós tínhamos sempre algum setor indo mal. Tivemos crise na agricultura, no setor automobilístico, na construção civil, no álcool... mas este ano, no geral, é o melhor dos últimos 15. E não se espera nada de diferente para o ano que vem."

Tomando por base as "blue chips", como são definidas as empresas com ações de primeira linha na bolsa, somente o resultado da Petrobrás veio abaixo das expectativas, com lucro de R$ 16,459 bilhões, 21% inferior ao registrado no ano passado. Mas Vale do Rio Doce, Bradesco, Itaú, Usiminas, Gerdau e Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) apresentam, até agora, aumentos significativos de lucro.

Impulsionadas, no mercado interno, pela explosão de crédito e pelo aumento de renda da população e, no mercado externo, pelo bom desempenho de países importadores de produtos brasileiros (como a China), as companhias brasileiras não têm do que reclamar.

"O Brasil está surfando na onda do mundo. Enquanto a China estiver indo bem, o Brasil, grande fornecedor de minério de ferro, vai bem também", afirma Gustavo de Andrade, agente de investimentos da corretora Investflow, em referência ao setor de mineração. "A expectativa no ano que vem para a Vale é que haja reajuste de 20% no preço do minério de ferro. A compra da canadense Inco também colabora para manter o resultado ascendente", avalia Ricardo Tadeu Martins, gerente da área de pesquisa da corretora Planner, em São Paulo.

No setor financeiro, por exemplo, o lucro de R$ 6,4 bilhões anunciado pelo Itaú nos nove primeiros meses do ano superou o de qualquer banco de capital aberto do país nos últimos 20 anos. O resultado significou um avanço de 112,7% na comparação com igual período de 2006. Aumentos de grandes proporções também foram registrados por bancos privados como Unibanco (123%, para R$ 2,621 bilhões), Bradesco (73,6%, para R$ 5,8 bilhões) e Santander (53%, para R$ 1,35 bilhão, no Brasil) – embalados, principalmente, pelo crescimento de suas carteiras de crédito. "É verdade que é um setor muito mais afetado por questões governamentais que a indústria. Mas a base em que está assentado o crescimento deste ano vai continuar no ano que vem, deste patamar para melhor", diz o professor Cervatti.

Entre as boas surpresas, o estrategista da Planner lista o setor de telefonia celular, com a Vivo revertendo um prejuízo de R$ 196,9 milhões para um lucro de R$ 4,4 milhões no terceiro trimestre. No ano, a operadora ainda acumula perdas, mas elas são 85% menores que nos primeiros nove meses de 2006. "Foi uma grata surpresa para um setor com concorrência muito acirrada."

Andrade, da Investflow, elege entre os destaques o desempenho do varejo. O lucro das Lojas Renner, por exemplo, cresceu 58% no ano, para R$ 93,1 milhões. "Mesmo os setores de roupas e tecelagem, que sofrem bastante concorrência chinesa, ficou muito bem neste ano, até pela capacidade de crescimento da economia brasileira", frisa o sócio da KPMG Pedro Cervatti.

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