Falta de qualificação barra candidatos
Centenas de pessoas estiveram ontem no 2.º Mutirão do Emprego Temporário, promovido pela Secretaria Municipal do Trabalho e Emprego de Curitiba, em busca de uma das 8,7 mil vagas para empregos temporários. Desempregada desde março, Adriane Gonçalvez da Silva procurava uma oportunidade no setor de produção. Após uma breve entrevista em uma das empresas de Recursos Humanos no local, ela foi encaminhada para uma empresa de decoração.
Com a taxa de desemprego na Grande Curitiba em 4,5%, o menor patamar histórico, as empresas estão encontrando dificuldades para preencher as vagas temporárias abertas em função das festas de fim de ano. Segundo as agências de recursos humanos, o número de candidatos disponíveis é menor em relação aos natais anteriores e os recrutadores também apontam dificuldades em encontrar profissionais com a qualificação desejada para as funções. Como 70% das vagas estão no setor de comércio, em postos relacionados ao atendimento ao público, as empresas contratantes exigem habilidades como iniciativa e comunicação, considerada a principal carência nos candidatos.
Danilo Padilha, diretor da Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Asserttem) no Paraná, estima que a avaliação de perfil comportamental se tornou o quesito responsável por eliminar grande parte dos candidatos às vagas temporárias. "Não temos pesquisas que apontam para a sobra de vagas de fim de ano, mas é evidente que temos encontrado dificuldade para encontrar pessoas para trabalhar", relata Padilha, que também é diretor da Neo RH. "A qualificação escolar conta um pouco, mas o principal problema é a questão comportamental. Hoje já virou tendência as empresas oferecerem treinamento profissional. Mas faltam pessoas que tenham força de vontade, que vistam a camisa da empresa e façam algo além do que é solicitado", enumera.
De acordo com pesquisa realizada pela associação, cerca de 30% dos profissionais deverão ser efetivados após o fim do contrato temporário. Padilha analisa que as chances de um temporário virar efetivo aumentam à medida que o funcionário demonstre proatividade. "É preciso demonstrar interesse pela empresa, afinal será o lugar em que a pessoa vai passar maior parte do dia. Normalmente, o que vemos ocorrer em entrevistas é o oposto. Temos de pedir aos candidatos que se informem, com pesquisas na internet, sobre a empresa à qual estão sendo encaminhados para seleção", cita.
Para os jovens à procura do primeiro emprego, Padilha recomenda que não se intimidem diante da falta de experiência profissional. "Conheço profissionais que, quando entraram, não sabiam nada sobre o setor. Mas tinham vontade de aprender, e hoje são gerentes de multinacionais", exemplifica. "Os profissionais que tem iniciativa acabam efetivados e constroem carreira dentro da empresa", acrescenta.
Vagas abertas
Ontem, a Secretaria Municipal do Trabalho e Emprego de Curitiba iniciou um mutirão de emprego temporário 8,7 mil vagas ofertadas (leia mais nesta página). Na Agência do Trabalhador de Curitiba, ligada à Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social (SETP), há outras 750 vagas temporárias em aberto.
Tradicionalmente, os maiores empregadores na época do Natal são as lojas de rua, os supermercados e os shoppings. Para esses estabelecimentos, as principais funções contratadas são analista de crédito, atendente, auxiliar de crediário, embalador, estoquista, etiquetador, fiscal de caixa e de loja, operador de telemarketing, promotor de vendas, repositor e vendedor. A remuneração média fica entre R$ 650 e R$ 890, além do pagamento de horas extras e prêmios por desempenho, que podem até dobrar o ganho mensal.
Para o secretário de Estado do Trabalho, Tércio Albuquerque, os candidatos estão mais seletivos em relação ao perfil das colocações ofertadas.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast