O crescimento da demanda brasileira de tráfego aéreo entre janeiro e maio foi de 21,2%, e a redução das operações da Varig foi de 22,6%. Gol e TAM revelaram um grande poder de resposta. No período, a procura pelos vôos da Gol cresceu 52,2%, e pela TAM, 31,6%. "É um crescimento notável para qualquer setor", avalia o consultor em transporte aeroviário, Paulo Bittencourt Sampaio.

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Para ele, as duas companhias vêm conseguindo prestar um ótimo serviço aos passageiros brasileiros neste momento de adaptações. Três outras companhias, a Webjet, a OceanAir e a BRA, também anunciam novas rotas e investimentos, mas, de acordo com Sampaio, ainda que cresçam não estariam ocupando o grande espaço deixado pela Varig. "Mesmo despedaçada, a Varig gerou em junho mais que o dobro do tráfego das três juntas", explica.

A Webjet, que faz os trechos Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre, inicia um vôo diário para Salvador na segunda-feira. A empresa também informa que tenta fazer o endosso de passagens da Varig, na medida do possível.

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"A OceanAir comprou jatos Fokker 100, uma aeronave que a TAM vem substituindo por estar ultrapassada", diz Sampaio. A empresa responde que as aeronaves foram reformadas. "Estão como novas", garante o presidente da companhia, Carlos Ebner. A principal negociação hoje é por espaço de operação (slots) no aeroporto de Congonhas. "Nossos espaços foram reduzidos de 48 para 22, e queremos rotas partindo de São Paulo", explica Ebner. No Paraná, a empresa faz a rota regional Curitiba – Cascavel.

A BRA Transportes Aéreos inaugurou no dia 1.º deste mês seu vôo semanal para Lisboa e Madri, e avisa que pode ampliar o número de vôos caso a Varig fique impossibilitada de atender a demanda. Um leasing temporário de três Boeings da Air Italy também está engatado para assumir o destino Espanha.

Aproveitando a retração da operação da Varig em rotas regionais do Norte do país no ano passado, a paranaense Total Linhas Aéreas encomendou quatro novas aeronaves e assumiu seis novos destinos (em Minas Gerais, Tocantis e Pará). Com isso, registrou alta no faturamento de 65% em 2005. "O negócio de passageiros é mais rentável que o de cargas, especialmente depois que as grandes companhias deixaram o mercado regional", declara o presidente Alfredo Meister.

Para Sampaio, toda vez que surge uma companhia nova neste setor ela é saudada pela mídia como uma nova Gol, ou seja, uma promessa de fenômeno empresarial. "Uma Gol surge a cada 40 anos e requer plano de negócios e muito capital", explica.

Sobre a possibilidade de TAM e Gol formarem um duopólio a partir de agora, o que seria prejudicial ao consumidor, Sampaio lembra que Canadá e Austrália, países com tráfego semelhante ao brasileiro, também operam com apenas duas empresas domésticas.

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Existe um outro cenário, que seria o da recuperação da Varig. "Nesse caso, os ex-clientes terão de ser reconquistados. Seria um esforço brutal", prevê o consultor de marketing Ernani Buchmann. (HC)