A fornecedora de gases industriais e médico-hospitalares White Martins está acostumada a saber antes de seus concorrentes sobre a instalação de indústrias e hospitais, seus clientes em potencial. Para isso, mantém um departamento de estudos e pesquisas de mercado, que capta informações e monitora clientes e concorrência. O gerente, Paulo Costa conta que já foi possível identificar a construção de hospitais quando os investidores ainda buscavam financiamento. "Assim você está muito mais preparado para montar uma estratégia de negociação."

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A estratégia da White Martins ilustra bem a prática chamada de Inteligência Competitiva, que começa a ser adotada por empresas brasileiras e que é bem diferente de espionagem industrial. "O ponto-chave da atividade de inteligência é a antecipação", afirma a gerente de projetos da Associação Brasileira dos Analistas de Inteligência Competitiva (Abraic), Elaine Coutinho Marcial. Ela está em Curitiba para o 1.º Congresso Ibero-Americano de Gestão do Conhecimento e Inteligência Competitiva, promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e instituições de fomento à pesquisa e desenvolvimento, até amanhã.

O presidente da Abraic, Julio Reis da Costa, explica que o conceito engloba principalmente a obtenção e análise de informações que possam balizar as estratégias de organizações. "Significa monitorar o ambiente, seja ele tecnológico, social, político ou econômico, porque mudanças neles vão ter impacto nas organizações."

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A prática de Inteligência Competitiva, de acordo com Costa, ainda é novidade no Brasil, mas ganha adeptos. "As primeiras a utilizarem aqui foram as multinacionais, por ordem de suas matrizes lá fora." O conceito é mais antigo na Europa, Japão e Estados Unidos.

Trabalho

Profissionais de diferentes áreas do conhecimento têm na Inteligência Competitiva um mercado de trabalho promissor, garantem os especialistas. "Cada vez mais as empresas precisarão enfrentar um ambiente de hipercompetição", diz Costa. Elaine Marcial compara o trabalho deste profissional ao de um espião que segue princípios éticos e legais. "O objetivo é ir atrás justamente da informação que não está disponível. É como montar um quebra-cabeças de pequenas informações para chegar a algo confiável."

Um exemplo é o carioca Walter Felix Cardoso Junior, doutor em Ciências Militares e Engenharia de Produção, mas que hoje coordena os Projetos Institucionais da Universidade do Sul de Santa Catarina. "O Brasil tem 3,2 mil instituições de ensino superior. É preciso saber quais cursos essas instituições estão abrindo, o preço de suas mensalidades e novas tecnologias que elas estão usando."