Migração
Juros caem ao menor nível desde 1994
Mesmo com o ciclo de aumento da taxa básica da economia, a Selic, o juro cobrado pelos bancos das pessoas físicas caiu em junho para o menor nível da série iniciada em julho de 1994, quando foi criado o real. Na média, empréstimos tomados pelas famílias pagaram taxa de 40,4% ao ano. A redução do juro é explicada, segundo o Banco Central, pela migração de alguns clientes, que deixaram o caro cheque especial atrás de opções mais baratas, como o crédito consignado.
Na média, o juro caiu nas principais linhas às pessoas físicas. No crédito pessoal, por exemplo, a taxa recuou 1 ponto porcentual em um mês, para 42%. No crédito para a compra de veículos, a taxa cedeu para 23,6% ao ano. Em todos esses casos, o juro recuou porque houve redução da margem cobrada pela instituição financeira, o chamado spread bancário.
Juntos, taxa menor e opção pelas linhas mais baratas explicam a queda do juro médio praticado em todo o mercado, diz o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. "Parece que as pessoas estão, finalmente, aprendendo a usar as linhas de crédito mais baratas. Se isso continuar, vai ser muito positivo", diz o professor de finanças do Insper, Ricardo José de Almeida.
Relatório do Banco Central (BC) divulgado ontem mostra que o mercado de crédito, que bateu novo recorde em junho, chegando a R$ 1,529 trilhão, vive duas realidades. Entre as famílias, a concessão de novos empréstimos caiu 0,5% em junho, na segunda retração seguida, e o BC admite que há sinais de "acomodação" após meses de crescimento exuberante. A parada técnica é explicada porque pessoas físicas estariam perto do limite de endividamento. Entre as empresas, porém, o clima é otimista e a concessão de financiamentos cresceu 4,4%, com as firmas querendo bancar o aumento das vendas.Após meses de recordes seguidos, os empréstimos para pessoas físicas dão sinais de exaustão. Na média, as famílias brasileiras tomaram R$ 3,12 bilhões em novos empréstimos a cada dia do mês passado. Foram R$ 65,5 bilhões em junho. Nos dois casos, o valor foi 0,5% menor se comparado a maio. "É natural que haja uma acomodação desse segmento, que cresceu muito nos últimos meses", avalia o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
A retração dos empréstimos é um dos principais objetivos do BC que, atualmente, executa um processo de aperto monetário com o aumento do juro básico da economia, a Selic. A intenção é reduzir a demanda por crédito para diminuir o ritmo da economia e, assim, evitar que a inflação saia do controle. "A desaceleração dos empréstimos para as famílias é vista desde o fim de março, quando o mercado já se preparava para o início do aumento da taxa Selic. Nessas situações, os próprios bancos passam a ofertar menos crédito. Essa inflexão do mercado era uma questão de tempo", diz o professor de finanças do Insper Ricardo José de Almeida.
O especialista aposta, porém, que os financiamentos para as famílias devem voltar a crescer até o fim do ano. Para ele, o aumento do emprego e da renda e a manutenção da confiança do consumidor devem respaldar a tomada de novos empréstimos, inclusive com um desempenho positivo no fim do ano. O vice-presidente de Finanças da Caixa Econômica Federal, Marcio Percival, acredita que o crédito para pessoa física vive um momento de acomodação ao nível de atividade menos intenso da economia brasileira.
Empresas
Enquanto famílias moderam seu apetite, o crédito para empresas está acelerando. Após o período de estagnação visto desde o fim de 2008, com a crise financeira norte-americana, o segmento dá sinais de retomar a demanda por crédito para financiar suas atividades. "A expansão do consumo das famílias impactou positivamente as expectativas das empresas, que decidiram ampliar os investimentos e aumentaram a demanda por crédito, não somente do BNDES, mas também das linhas concedidas voluntariamente pelos bancos", destaca relatório do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
Entre as linhas mais procuradas pelas empresas, o financiamento para o capital de giro cresceu 5,6% e liderou entre os empréstimos para empresas. O relatório do Iedi também destaca que muitas empresas, especialmente do setor industrial, têm retomado gradualmente os planos de investimento para aumento da capacidade de produção.
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