O Banco Central anunciou ontem o controle das operações de empréstimo em todo o país com valores acima de R$ 1 mil. As instituições financeiras estão obrigadas, a partir de agora, a informar o Sistema de Informações de Crédito sobre os detalhes da operação e os dados do tomador. Na prática, o BC quer que os bancos adotem avaliações mais criteriosas para reduzir os riscos de crédito no momento em que o país comemora a expansão dos empréstimos a pessoas físicas. Além disso, as informações darão ao BC maior capacidade de supervisionar as carteiras dos bancos.
Até agora, as instituições financeiras estavam obrigadas a municiar o Sistema de Informações com informações mais detalhadas apenas em caso de empréstimos acima de R$ 5 mil. O rebaixamento do valor agregará ao sistema quatro vezes mais dados do que o atualmente gerido. Além disso, com a medida, o BC passa a supervisionar 96% do crédito concedido no país, algo próximo a R$ 2 trilhões. O sistema cobria 86% do valor envolvido nas operações de crédito no Brasil.
O objetivo do BC, além de exigir mais controle do risco na concessão do empréstimo, é obter a redução do spread bancário (o ganho que os bancos têm na intermediação financeira). "Esperamos que essa medida ajude no processo de redução do spread bancário, principalmente no segmento de renda menor e das micro e pequenas empresas. É uma medida forte para fazer que o sistema reduza de maneira importante o spread no país", disse Alexandre Tombini, presidente do BC.
Murilo Portugal, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), disse que a redução dos spreads e, consequentemente, dos juros é uma "tendência" a partir dessa medida. No entanto, ele não quis definir prazos ou quanto os juros poderão baixar com a medida. Segundo ele, tudo depende de quanto a inadimplência cair. O principal componente dos spreads bancários, disse Portugal, é a falta de pagamento.