O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberou em novembro R$ 7,508 bilhões para empréstimos já aprovados, somando R$ 76,472 bilhões desde janeiro, uma queda nominal, sem descontar a inflação, de 35% em relação a igual período de 2015. Em 12 meses, foram liberados R$ 95,599 bilhões, uma queda de 39% quando considerada a inflação.
Os dados, divulgados nesta terça-feira, 20, no Boletim de Desempenho do banco, apontam para desembolso abaixo de R$ 100 bilhões neste ano. Como em dezembro de 2015 os desembolsos somaram R$ 19,127 bilhões, os valores liberados em dezembro deste ano teriam de ser muito elevados para atingir R$ 100 bilhões.
A última vez que o BNDES desembolsou menos que essa marca, em valores corrigidos pela inflação, foi em 2005. Naquele ano, o banco liberou o equivalente a R$ 98,847 bilhões.
Em nota, os economistas do BNDES avaliaram que os dados “seguem refletindo a situação de dificuldade de retomada da economia, não apontando, ainda, para um movimento claro de ascensão na demanda pelos recursos”. “As consultas e enquadramentos, que são antecedentes dos fluxos de desembolsos, também continuam em contração”, diz o texto.
As consultas, primeira etapa dos pedidos de empréstimo ao BNDES, cujo comportamento tende a refletir o apetite de empresários por investimentos, somaram R$ 104,406 bilhões de janeiro a novembro, queda nominal de 9% ante 2015. Já a aprovação de novos empréstimos somou R$ 67,480 bilhões no período, queda de 26% ante 2015.
Setorialmente, o BNDES liberou R$ 22,341 de janeiro a novembro para projetos de infraestrutura, queda de 51% ante 2015, sem descontar a inflação. A indústria teve desempenho melhor, com R$ 25,825 de janeiro a novembro, queda de 20% na comparação com o período de janeiro a novembro do ano passado.
Por outro lado, a Finame, linha do BNDES para financiar investimentos em bens de capital, desembolsou R$ 15,897 bilhões de janeiro a novembro, tombo de 48% ante 2015.
Para o economista Armando Castelar, professor da UFRJ e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), a economia está num círculo vicioso. “Há falta de demanda pelo crédito do BNDES porque o investimento está despencando”, disse Castelar.
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