A equipe carioca Solar Brasil, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), corre contra o tempo para finalizar a embarcação que vai representar o Brasil na maior competição de barcos solares do mundo. No fim de junho, eles embarcam para a Holanda, onde acontece a 6ª edição do Dutch Solar Challenge, entre os dias 2 e 9 de julho.
Há meses, o grupo de 20 alunos de cursos de engenharia da instituição se dedica ao desenvolvimento da embarcação, repleta de painéis fotovoltaicos. Estudantes das áreas financeira, jurídica, de comunicação e marketing da UFRJ também se envolvem nas diferentes etapas dos trabalhos.
O principal rali de barcos solares europeu é realizado a cada dois anos, desde 2006, e aberto à participação de universidades de todo o mundo. Com o auxílio de professores, estudantes constroem estruturas movidas à luz do sol, que competem para demonstrar as melhores eficiências em velocidade e desempenho. Ganha a equipe que conclui o trajeto em menos tempo.
Este ano, a largada acontece em Amsterdã. Os times precisam vencer um percurso de 200 quilômetros em canais da província de Frisian, ao Norte do país. Em sete dias, eles passarão por cinco cidades. Para esta edição, já confirmaram presença equipes da Holanda, Índia, Polônia, China, Indonésia, Alemanha, Estados Unidos e Brasil.
Expectativas
A parte elétrica da embarcação já foi concluída e os ajustes finais estão prestes a terminar. Nos últimos dias de maio, o barco vai para a Holanda de navio. A equipe, representada por alguns integrantes, chega ao país no fim de junho.
“Estamos confiantes que atingiremos um bom desempenho. Em 2014, ficamos em sétimo lugar na categoria ‘A’ [estruturas de até seis metros, com quatro painéis solares e um piloto] num universo de 25 barcos. Neste ano, pretendemos estar, pelo menos, entre os cinco primeiros”, diz Alexandre Alho, orientador da equipe e professor do curso de Engenharia Naval da UFRJ.
Condições para atingir a meta, eles parecem acumular. O barco da equipe alcança a média de velocidade atingida pela maioria das embarcações concorrentes, que varia de 14 a 15 nós. “Este ano, chegamos aos 15, o que representa cerca de 30 km/h”, conta o professor. A intensidade do sol pode melhorar ainda mais a eficiência da estrutura na competição. “Quanto mais intensos forem os raios solares no dia, maior a economia que conseguimos fazer da bateria, por exemplo”, explica.
O maior incentivo da competição é para que tecnologias mais eficientes sejam apresentadas pelas equipes a cada edição. “O segredo é melhorar sempre o gerenciamento energético do barco, construindo motores que consumam menos energia e baterias que armazenem mais luz”, diz Alexandre.
Custo elevado desafia competidores
Para ajudar a custear a viagem, a equipe Solar Brasil promove uma campanha na internet. Faltam 11 dias para alcançar a meta de R$ 27.680 mil. Até o momento, pouco mais de R$ 21 mil foram captados. O dinheiro é suficiente para enviar o barco à Holanda e pagar as passagens de dois representantes da equipe – se o total foi alcançado, seis integrantes conseguem embarcar. “O custo para participar da competição ainda é muito alto. Todos os equipamentos para a construção do barco são importados e não temos isenção de impostos sobre nada”, diz Alexandre Alho, orientador da equipe.
A Vento Sul, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), de Florianópolis, é outra brasileira que acumula um expressivo histórico de vitórias, mas não deve marcar presença no campeonato holandês por dificuldades financeiras. “Este ano, não conseguimos patrocínio público ou privado”, diz Bruno Silva, capitão do time. A equipe catarinense é a maior campeã no Desafio Brasil Solar, cinco vezes campeã na categoria ‘monocasco’ e quatro na ‘catamarã’. Do torneio na Holanda, já participaram três vezes. Por duas vezes, ficaram entre os sete primeiros colocados.
Competição nacional estimula equipes de universidades do país
A Solar Brasil vem de um histórico de vitórias. Formada em 2008, ela foi campeã do Desafio Solar Brasil do ano passado, realizado em novembro, em Búzios, no Rio de Janeiro. Superou os demais competidores das duas categorias: catamarã e monocasco.
Na categoria catamarã, as próprias equipes criam suas embarcações. Por serem construídas do zero, têm mais condições de alcançar melhores velocidades. Já na monocasco, os participantes aprimoram estruturas a partir de cascos fornecidos pelo Polo Náutico Naval da UFRJ, organizador da competição nacional.
Inspirado na competição holandesa, o desafio brasileiro foi realizado pela primeira vez em 2009, na cidade de Paraty. Hoje, virou tradição e é aberto a todas as universidades do país. Ano passado, participaram 16 barcos solares e cerca de 500 pessoas, entre estudantes membros da equipe e professores. “O envolvimento tem aumentado a cada edição e, para 2020, esperamos contar com 40 embarcações”, comenta o Ricardo Bogéa, um dos coordenadores do desafio. Ele também diz que, hoje, participam equipes apoiadas por instituições de ensino do Rio de Janeiro, Santa Catarina, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul, mas universidades do Amazonas e do Pará já registraram interesse em marcar presença nas próximas edições.
As inscrições para o próximo desafio serão abertas em junho, no site do evento, sem custo. Além de troféus e medalhas, os membros da equipe vencedora podem ganhar prêmios, como tabletes e computadores.
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