Na corrida por novas fontes alternativas de energia, o hidrogênio é considerado o combustível do futuro. Há quem diga que ele será o grande substituto do petróleo e que num futuro próximo a maioria dos carros vai circular com células de hidrogênio. Sua grande vantagem, talvez, seja a facilidade de combinação com outras fontes, como hídrica, eólica e solar, o que o torna um coringa no cenário energético. Apesar de tamanho potencial, ele ainda precisa vencer alguns desafios para se tornar o “novo petróleo”.
Embora seja o elemento mais abundante do universo e com grande potencial energético, ele não é encontrado na natureza de forma pura e isolada, como o petróleo. Para extraí-lo é necessária muita energia, e esse é o primeiro grande desafio: descobrir qual é o processo de transformação mais eficiente do hidrogênio e como fazê-lo sem a emissão de gases de efeito estufa.
Confira como é produzido e utilizado o hidrogênio
A necessidade de energia limpa e renovável cresce em todo o mundo, com as fontes dividindo o protagonismo na geração. “Não existe uma única fonte de energia limpa capaz de dar conta sozinha da demanda. Por isso, dependemos da disponibilidade de fontes locais para compor a matriz energética regional que, combinada ao hidrogênio, forma um diversificado leque de produção e armazenamento de energia mais limpa e eficiente”, afirma Fábio Coral Fonseca, pesquisador do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).
Essa característica coringa do hidrogênio – que pode ser produzido por meio de diversos insumos e processos, além dos diferentes usos que possui – permite que ele seja associado a outras fontes, especialmente as renováveis, para gerar e armazenar energia, sanando a principal desvantagem das fontes eólica e solar, a intermitência. Se no Nordeste o vento é abundante, porque não utilizá-lo para a quebra do hidrogênio que, quando armazenado, pode oferecer mais que o dobro de desempenho gerado por um carro a combustão?
Para obter o hidrogênio isolado e transformá-lo em energia ele passa por um conversor, chamado de célula a combustível. Esse dispositivo teve sua origem em 1839, antes mesmo da invenção do motor a combustão. Na época, o inglês William Grove imaginou que, se a energia elétrica pode ser usada para dividir a água em hidrogênio e oxigênio, seria possível inverter o método e usar hidrogênio para gerar energia.
Gerhard Ett, engenheiro químico do Instituto de Pesquisa e Tecnologia de São Paulo, explica que a densidade energética da célula a combustível é superior à das baterias, por exemplo. “Além disso, a energia produzida é 100% limpa e possui eficiência 60% superior. Nesse processo, o CO2 só é gerado na fabricação do material das placas de células a combustível. Consequentemente se torna um importante combustível por ter um ciclo de vida com impactos ambientais baixo”, afirma ele.