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Energia

Pequenas e médias empresas trocam concessionárias por mercado livre de energia

Alan Santos: Hotel Deville projeta economizar R$ 1,8 milhão com migração. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Alan Santos: Hotel Deville projeta economizar R$ 1,8 milhão com migração. (Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

Castigadas pelo aumento do preço da energia nos últimos três anos, as pequenas e médias empresas estão abandonando as concessionárias e migrando em massa para o mercado livre de energia.

De janeiro de 2015 para cá, o número de consumidores saltou 81%, considerando as migrações já agendadas para o segundo semestre, que devem resultar em mais de 3.220 consumidores até o fim deste ano – hoje são 2.262. Atualmente, o mercado livre recebe, em média, 100 novos clientes por mês. Nesse ritmo, o número de empresas que negociam a própria energia deve dobrar até o final de 2017, avalia Rafael Carneiro, head de Energia da XP.

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Desde que foi criado há 18 anos, esta é a segunda grande onda de migração de consumidores comerciais e industriais para este ambiente de negócios. A primeira ocorreu após o racionamento de 2001, puxada, principalmente, pelas empresas eletrointensivas.

Desta vez, o movimento é liderado por pequenas e médias empresas em fuga das altas tarifas do mercado cativo. “A elevação dos custos do mercado regulado combinada ao momento econômico desfavorável está forçando as empresas a buscarem o mercado livre, que hoje é um mercado sólido e muito atrativo”, afirma Carneiro.

Em pouco mais de um ano, o preço da energia negociada no mercado livre caiu, em média, 80% para cerca de R$ 80 o MW no curto prazo, impactado pela queda no consumo de eletricidade, recuperação do nível dos reservatórios e entrada em operação de novos empreendimentos de geração que elevaram a oferta. Atualmente, o consumidor pode ter, em média, de 25% a 30% de economia na conta de energia em relação às tarifas cobradas no mercado regulado.

A queda no preço da energia é o principal motivo da migração em massa das empresas, mas não é o único. O consumidor livre deixa de pagar as tarifas de energia fixadas pelo governo e passa a negociar contratos de fornecimento diretamente com geradores ou comercializadoras, com preço, prazo e índices de reajuste previamente combinados, explica Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc. “Isso dá previsibilidade de custo ao consumidor, que já sabe quanto vai pagar pela energia durante a vigência do contrato, sem surpresas no final do mês”.

Busca por fonte renováveis é a que mais cresce

Com uma boa gestão da conta, quem vai para o mercado livre dificilmente volta para o cativo. Hoje, o ambiente de contratação livre concentra 25% de todo o consumo de energia do país, mas tem potencial para 48%, segundo a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel). O maior índice de crescimento é o de consumidores especiais – com demanda entre 500 kW e 3.000 kW – que contratam eletricidade gerada por fontes renováveis de energia , como eólica, solar, biomassa e de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). A participação desse grupo deve passar dos atuais 3% para 16%.

Já os consumidores livres eletrointensivos, que hoje respondem por 22% do mercado, crescem em um ritmo menor, mas podem elevar sua participação a 29% até o final deste ano. De acordo com a Abraceel, apenas 15 mil das 330 mil indústrias brasileiras com potencial estão no mercado livre. Em relação ao consumo, o impacto dessa onda de migração tende a ser menor, já que 60% desses clientes consomem até 500 kW.

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