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‘Petróleo branco’, mercado de lítio vai crescer 290% até 2020

Salar do Atacama, no Chile, que abriga parte considerável das reservas do metal no mundo. | /Creative Commons
Salar do Atacama, no Chile, que abriga parte considerável das reservas do metal no mundo. (Foto: /Creative Commons)

Fabricantes de eletrônicos e carros elétricos estão de olho na América do Sul. O lítio, elemento altamente procurado pela indústria por causa de sua aplicação em baterias, é encontrado em abundância nos salares de Uyuni (na Bolívia), Atacama (Chile) e Hombre Muerto (Argentina).

Somente o primeiro, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos, abriga uma reserva com 9 milhões de toneladas. Estima-se que os países concentrem de 70% a 80% das mais de 13 milhões de toneladas existentes no planeta.

O metal já é chamado de “petróleo branco” pelo seu alto valor de mercado, que deve subir para US$ 43 bilhões até 2020, atingindo uma alta de 290% em dez anos. A estimativa é da consultoria americana Market Research. Atualmente, o custo da tonelada do lítio é de cerca de US$ 30 mil e o aquecimento do mercado indica tendência de aumento do valor.

De acordo com a FMC Minerals, a demanda pelo mineral nos próximos quatro anos deve crescer 10% ao ano. Para a Sociedade Química e Mineira de Chile (SQM), o aumento anual pode ser maior: de 30%.

“Independentemente das previsões, o fato é que o lítio deve sair dos bastidores e se tornar protagonista da economia nos próximos anos. Países que querem se tornar competitivos precisam estar atentos a isso”, comenta Luiz Carlos Ferracin, doutor em Química e diretor do Instituto Senai de Inovação e Eletroquímica.

A oportunidade de negócio pode beneficiar a economia dos países latino-americanos, prejudicada pela queda dos preços das commodities tradicionais, como petróleo, soja e gás.

Abaixo da crosta de sal

No caso dos salares da América do Sul, o metal fica dissolvido abaixo da grossa crosta de sal. Por meio de um processo químico, transforma-se em carbonato de lítio (LiCo), composto utilizado pela indústria na produção de baterias para eletrônicos, como celulares, tablets e notebooks e para carros elétricos, por exemplo.

Na esteira do mercado de lítio, o preço do carbonato também aumentou. Em 2011, a tonelada do composto custava US$ 5.180 e, hoje, tem valor de US$ 6.400.

Por ser o mais leve dos elementos, o lítio garante às baterias maior armazenamento e mais capacidade de distribuição energética.“A transferência de energia que acontece nas baterias se torna mais fácil, porque ele dá mais leveza e menos resistência ao fluxo iônico”, diz Adilson Oliveira, doutor em Engenharia e Ciência de Materiais e membro da Rede de Lítio do Brasil.

De 2015 a 2024, somente o mercado de baterias de íon-lítio para veículos elétricos leves deve totalizar US$ 221 bilhões, segundo projeção da consultoria norte-americana Navigant Consulting. Atualmente, a China lidera o mercado de produção de baterias de íon-lítio. Chile, Austrália e Argentina aparecem como os maiores produtores mundiais do metal, com 88% do fornecimento global.

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