Incomodado com o desperdício de energia no Brasil, o engenheiro Heider Berlink, de 28 anos, quis provar que economizar é possível. Munido da experiência que acumulava na área de redes inteligentes (smart grids, em inglês), o jovem desenvolveu, durante o Mestrado em Energia Elétrica, uma plataforma para estimular o uso consciente de energia em troca de pontos trocados por prêmios. A ferramenta estará disponível para os consumidores de Curitiba no final de julho.
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Desde fevereiro, o portal Pague Verde fornece recompensas a quem economiza energia. A cada quilowatt que deixa de ser consumido pelos participantes cadastrados, um ponto é acumulado. O cálculo é feito pela equipe do projeto – composta hoje por quatro sócios – considerando o histórico de consumo do usuário.
Os prêmios são ofertados por empresas parceiras que apoiam a iniciativa . Entre as opções estão ingressos para sessões de cinema, teatro, além de descontos em cursos online de qualificação profissional. As ofertas vão de aulas sobre empreendedorismo e inovação à gastronomia e fotografia. As trocas pode ser feitas a partir de 60 pontos acumulados.
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Em apenas quatro meses, desde que o projeto iniciou, a economia conquistada pelas 1,5 mil pessoas cadastradas no sistema já garantiu uma redução de três mil quilowatts/hora. A média, para efeito de comparação, é capaz de atender o consumo mensal de 20 casas brasileiras.
Até agora, mais de 1.600 pontos foram trocados por prêmios. Em breve, a equipe espera expandir as recompensas para eletrodomésticos e passagens aéreas, por exemplo. “Nossa maior intenção é incentivar atitudes econômicas, sem que as pessoas precisem abrir mão do conforto”, explica o idealizador da ferramenta.
De olho no consumo
Para contribuir com as reduções, o grupo envia por e-mail aos participantes cadastrados relatórios detalhados sobre o consumo mensal e dicas diárias para baratear a conta de luz. Além de propostas como a substituição das lâmpadas por opções de LED, sugestões pouco convencionais, garante Heider, podem causar verdadeiras transformações no boleto mensal.
“Sugerimos que as paredes das casas sejam pintadas de cores claras ou que o ar-condicionado, por exemplo, seja ligado a uma temperatura, mas logo depois que o ambiente é refrigerado, trabalhe a dois graus acima. Só essa medida já garante uma redução bem expressiva”, indica.
Abrangência
Hoje, o projeto pode ser aproveitado por moradores de São Paulo e Santa Catarina, mas, até o fim de julho, Paraná e Nordeste entram na lista. “Fechamos parceria com a Copel e com a Neoenergia. Até o fim do ano, pretendemos chegar também ao Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo”, indica Heider. Quando isso acontecer, 61% do mercado energético brasileiro estarão cobertos pelo Pague Verde.
“Nosso incentivo à economia afeta o faturamento das companhias, mas muitas já entenderam que, num futuro bem próximo, essa redução deve ser ainda maior, na medida em que mais usuários passarem a produzir a energia que consomem por meio de sistemas baseados em fontes renováveis. As empresas que procurarem trabalhar em parceria com o usuário sairão na frente”, defende o criador do portal.
Projeto ganhou prêmio internacional
O Pague Verde foi o único projeto brasileiro a vencer, na categoria Eco-Desafio, a sétima edição do prêmio Competência de Talento e Inovação das Américas (TIC Americas), promovido pela Organização dos Estados Americanos (OEA), a Young Americas Business Trust e a PepsiCo América Latina. O evento aconteceu durante a 46ª Assembleia Geral da OEA, realizada em 11 de junho, na República Dominicana. A disputa envolveu 1.693 projetos do Caribe e da América Latina.
Na competição, a equipe apresentou um piloto de aplicativo para o Pague Verde. A ideia saiu vitoriosa e recebeu US$ 5 mil para ser aprimorada. Em setembro, a novidade deve estar disponível para sistemas IOS e Android. Antes disso, entre julho e agosto, um novo site com novidades vai ser lançado, entre elas, condições para um usuário comparar seu consumo em relação à média do bairro onde mora ou uma empresa fazer o mesmo em relação a outras próximas que atuem no mesmo setor. “Ainda não temos lucro algum com o projeto. Dependemos de apoios de prêmios ou patrocinadores, mas, com o ganho de escala, oportunidades de negócio para geração de receita certamente vão surgir”, conclui Heider.
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