Você já ouviu falar em fusão nuclear? Esse é o nome do processo utilizado pelo sol para gerar energia, um método que, se reproduzido pela humanidade, seria uma fonte energética inesgotável, limpa e segura. As tecnologias existentes, no entanto, ainda não possuem capacidade para realizar a fusão em larga escala, mas uma equipe de pesquisadores acaba de chegar mais perto desse objetivo. As informações são do jornal The Guardian.
O grupo de fusão nuclear do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, criou, em um de seus reatores, a maior pressão de plasma já registrada no mundo. E essa pressão que faz com que os átomos se fundam, liberando quantidades enormes de energia e efetivando a fusão.
Utilizando o reator Alcator C-Mod, a equipe conseguiu uma pressão de 2,05 atmosferas, ou seja, pouco mais de duas vezes a pressão atmosférica no nível do mar. Isso, a uma temperatura de 35 milhões de graus celsius - duas vezes mais quente do que o núcleo do sol, por exemplo.
Nas condições criadas, o plasma produziu 300 trilhões de reações de fusão por segundo, que geraram quatro milhões de watts de potência. Os números apresentam um aumento de 15% em comparação ao último recorde da máquina, estabelecido em 2005, e foram conseguidos por conta de um equilíbrio entre a alta pressão e temperatura. Para que a fonte de energia seja confiável para produção em massa, entretanto, é necessário que esse processo seja contínuo.
O caminho para que a produção energética pela fusão seja sustentada por si só ainda não é totalmente claro. Mas, com os experimentos recentes, o time do MIT descobriu que a utilização de campos altamente magnetizados para conter o plasma - estado da matéria similar ao gasoso, que permite condução elétrica - pode ser a aposta mais promissora para o setor.
“É uma conquista memorável”, considera Dale Meade, ex-diretor do Laboratório de Plasma de Princenton. “O recorde na pressão do plasma valida o uso de campos altamente magnetizados como um caminho promitente para a fusão nuclear”, explicou Meade ao site do MIT.
A energia de fusão tem o potencial para se tornar uma fonte de energia alternativa muito importante, pois sua emissão de carbono é zero e não gera desperdício, de acordo com o site do MIT. Enquanto os reatores nucleares existentes atualmente geram energia pela divisão de átomos em partículas mais leves, reatores de fusão transformam núcleos atômicos leves em partículas mais pesadas.
As dificuldades técnicas para realizar o processo, no entanto, são muitas. Segundo o portal da instituição, há mais de 50 anos sabe-se que para tornar a fusão viável na superfície da Terra, o plasma deve ser muito quente (mais de 50 milhões de graus), deve ser estável sob uma pressão intensa, e deve possuir um volume fixo. Uma fusão bem sucedida requer também que o produto de três fatores - densidade de uma partícula de plasma, o tempo de confinamento, e a temperatura de - atinja um determinado valor. Acima deste valor (chamado de “produto triplo”), a energia liberada pelo reator consegue ultrapassar a quantidade de energia necessária para criar a reação.
Futuro
Apesar da conquista, o reator da universidade foi descontinuado, por conta da realocação dos recursos do Departamento de Energia dos Estados Unidos para um novo projeto, anda maior. O país se associou com a União Europeia, China, Índia,Coreia do Sul e Japão, e todos irão construir um grande reator, chamado de ITER.
A estrutura de sete andares está sendo construída no sul da França, com ímãs pesando aproximadamente o mesmo que um Boeing 747, segundo o The Guardian. Com previsão de conclusão para cerca de 15 ou 20 anos, o reator pretende ser capaz de fornecer 500 MW de potência, o que se aproxima da quantidade produzida por grandes reatores nucleares existentes atualmente.
Colaborou: Cecília Tümler